Nova Jaguaruara: Uma História de Horror Brasileira [Resenha]

Hoje vamos fazer uma resenha de Nova Jaguaruara, um livro de terror que nos leva a um passeio emocionante pelo nordeste brasileiro e suas tradições, misturando o novo com o antigo como só o Brasil consegue fazer. Sua narrativa se passa de modo não linear em diferentes anos (e séculos), acompanhando uma cidade do interior do estado do Ceará onde uma peculiaridade já se tornou rotina para os moradores: à meia noite todas as luzes da cidade se apagam durante um minuto. 

Para mergulhar nessa história, o leitor inicialmente acompanha um grupo de pesquisa a serviço de uma empresa de energia que pretende instalar um parque eólico nas redondezas da cidade. Ao longo da narrativa, os acontecimentos com esse grupo e os saltos no tempo desvendam os mistérios envoltos a essa cidade. 

O livro Nova Jaguaruara não possui uma versão física disponível, encontrado apenas na versão digital no Kindle Unlimited da Amazon. Na Loja Kindle, ele está na décima posição dos mais vendidos em horror com uma avaliação de 4,4 estrelas (Não sabe o que é Kindle? Veja em nosso artigo). Seu autor, Amaurício Lopes, também publicou recentemente o livro “O Galinheiro”, outro que figura boas avaliações dentro do site. 

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A Cidade de (Nova) Jaguaruara 

Nomeando livro, a cidade de (Nova) Jaguaruara figura como um dos personagens principais da trama. Sua localidade física é muito característica das cidades interioranas do nordeste do país, mas é nas tradições e nos mistérios que guarda sua peculiaridade. Os acontecimentos vividos pelos seus moradores durante sua existência a tornaram rígida em suas crenças, uma anciã sábia que viu muita alegria, mas também muita tristeza, e, hoje, criou dogmas para proteger a si e aos seus filhos. 

A chegada de forasteiros representa o futuro com toda sua tecnologia e descrença nos antigos conhecimentos, criando assim uma resistência ao mexer em feridas que ainda não cicatrizaram por completo. E mesmo com as mudanças trazidas por esses estranhos (que também pagaram pela sua descrença), ela continuará lá (re)existindo como sempre fez. 

A fantasia, em uma leitura mais realista, ilustra como uma cidade nordestina se adapta às intempéries da região, preservando sua cultura e sendo esta modelada pelo o que seu povo vive, lutando pela sua sobrevivência em um local onde muitas vezes só é lembrado quando se tem um objetivo exploratório em mente (os próprios pesquisadores admitem que a geração de energia prevista servirá mais para abastecer os municípios vizinhos do que a própria cidade e redondezas). 

Seus Habitantes e os Forasteiros

Movendo a narrativa, o grupo de pesquisadores chegam à cidade como estranhos que não se interessam muito em sua história, querendo apenas fazer seu trabalho, envoltos de seus próprios problemas. Algo a se mencionar na nossa resenha de Nova Jaguaruara é que, nesse ponto, a escrita de Lopes é hábil o bastante para aproximar o leitor desses personagens com problemas reais ao mesmo tempo que não perde tempo se aprofundando desnecessariamente, o que os tornaria aqueles personagens de filmes de terror mal escritos criados apenas para serem contagem de corpos. Exceto pelo arco de Vicente, os outros personagens são funcionais e bem quistos.

Em paralelo a isso, a trama vivida em Fortaleza pelo menino Bruno e sua professora Raquel apresenta um respiro durante a tensão que se passa a alguns quilômetros da capital, ao mesmo que mostra problemas do mundo real que serão resolvidos por uma parte daquele mundo de fantasia que conseguiu “escapar” daquela cidade. 

Contrapondo a trama moderna, tem-se o que pode ser definido como a origem da cidade com o nascimento e crescimento de Bonifácio. Esse núcleo de personagens, diferentemente do primeiro, tem seu passado mais aprofundado por esse também se mesclar com a história da própria cidade, afinal foi a partir de Bonifácio que a configuração da região se ordenou. E, embora Bonifácio seja a peça principal para essa trama, sua família e outros habitantes da cidade conseguem prender a atenção cativando com suas histórias ou indignação com suas atitudes mais egoístas. 

O Bem, o Mal e as Lendas 

A dicotomia é um elemento central desse livro, tanto na fantasia quanto nos aspectos mais reais. Logo, com uma história se passando em cidade pequena no interior originária do período colonial, a luta católica de Deus e do diabo como representações do bem e do mal é parte central da narrativa. Muitos simbolismos católicos do bem se apresentam na história como o dom curativo dado a um homem simples (uma alusão a Jesus Cristo), mas outros símbolos considerados santos também são pervertidos pelo mal, como a imagem do padre e da própria igreja, na sua tentativa de se estabelecer nesse mundo. 

Outros elementos mais tradicionais associados ao mal e ao demônio são bem explorados, principalmente para criação das cenas de terror, que ora utilizam descrições mais gráficas, ora optam por deixar para imaginação do leitor. Todavia, não são apenas elementos cristãos que estão presentes na história. Sendo o Brasil um país sincrético, conceitos espíritas de almas que ainda vagam por determinados lugares também fazem parte da história. 

Podendo causar uma estranheza para aqueles que não estão familiarizados com as lendas e crenças da região nordeste, algumas passagens como a da cobra na rede e a importância dos sonhos na segunda metade da história utilizem o imaginário regional para fluir a trama, ao mesmo tempo que confere autenticidade e identificação com o local onde se passa a história. 

Conclusão

Finalizamos a nossa resenha de Nova Jaguaruara ressaltando que a obra abraça as tradições dos sertões nordestinos, incorporando ao texto identidade e veracidade, com uma história que tem sua base na fantasia obscura, mas que não deixa de lado os problemas reais. 

Como a própria história esclarece, esse é só um capítulo de terror da história brasileira, o que deixa em aberto para questionamento se essa não seria também uma boa narrativa para se adaptar aos moldes de uma série como American Horror Story, uma vez que no Brasil há inúmeros brasis e o mal possui várias pontes para esse mundo.

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2 comentários em “Nova Jaguaruara: Uma História de Horror Brasileira [Resenha]”

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