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O Labirinto do Fauno – O Era Uma Vez da Realidade [Resenha]

Hoje, vamos fazer uma resenha de O Labirinto do Fauno. O livro é uma transformação do aclamado filme de Guillermo Del Toro em romance pela escritora Cornelia Funke, que também trouxe para obra contos que expandem esse universo mágico. 

Em suma, a história vai retratar a ida de uma menina, Ofélia, e sua mãe grávida para uma floresta distante no norte da Espanha durante o governo franquista (1939-1975), na qual o seu novo padrasto – um capitão da ditadura – está caçando os rebeldes infiltrados dentro dessa floresta. Esse período histórico representa um governo fascista no país, misturando sonho e realidade, e trazendo para o universo dos livros de fantasia o cruel cotidiano da Espanha fascista de Franco.

Ainda sem aceitar a morte de seu pai e o casamento de sua mãe, Ofélia irá descobrir a existência de um mundo subterrâneo mágico no qual um fauno procura uma princesa há muito perdida. Para quem não conhece, o fauno é uma criatura mitológica que é formada sendo da cintura para cima um homem, da cintura para baixo um bode. 

A magia desse mundo é anestésica e envolvente, fazendo com que a realidade seja ainda mais cruel e sem esperança. Portanto, a melancolia não é um sentimento estranho durante a leitura. 

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Quem Criou o Labirinto do Fauno?

Guillermo Del Toro é escritor e diretor de cinema mexicano que conquistou Hollywood com O Labirinto do Fauno de 2006. Afinal, o filme foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006. Como escritor, o autor também assina a Trilogia da Escuridão (co-autor), além de publicar A Forma da Água (o romance derivado do oscarizado filme homônimo) e Caçadores de Monstros, que já possui uma adaptação para as telas. 

Cornelia Funke é escritora e ilustradora alemã de livros infanto-juvenis com mais de 40 livros publicados. Entre seus publicados, vale destacar O Senhor dos Ladrões e a Trilogia Mundo de Tinta.

Resumo de Labirinto do Fauno

Vamos começar nossa resenha de O Labirinto do Fauno com a conexão de duas histórias. 

Estamos no ano de 1944, quando Ofélia e a mãe cruzam uma estrada de terra que corta uma floresta longínqua ao norte da Espanha. Esse lugar guarda histórias já esquecidas pela humanidade. O novo lar é um moinho de vento tomado pela escuridão e crueldade do novo padrasto, o capitão Vidal, e seus soldados – todos a serviço do regime de Franco. 

Mas a história de Ofélia começa bem antes da viagem de carro à floresta que abre a narrativa. Ela perpassa pela morte de seu pai, pela procura de sua mãe por um protetor e pelo iminente nascimento da irmã que as conduz à viagem. A história de Moanna, por sua vez, ainda é mais antiga. Princesa do reino subterrâneo, ela sonhava em ver o mundo dos homens, até o dia que subiu e se esqueceu de quem era, tendo que viver entre os humanos e suas desventuras. 

Ambas histórias se ligam numa viagem de carro. Quando Ofélia, sem saber de seu destino, aciona um mecanismo antigo que libera toda a magia daquela floresta, trazendo para sua vida.

Essa é uma história onde o fantástico acompanha a realidade em seus laços sombrios ao mesmo tempo que oferece uma fuga do real como uma esperança em tempos tão sombrios, uma vez que a realidade vivida é um cenário de guerra atroz.

Novelização

As imagens podem até valer por mil palavras, mas todas as palavras que compõem essa narrativa conseguem aprofundar o que nos foi apresentado em tela. Além do poder da escrita, a edição física ajuda na criação da atmosfera fantasiosa com sua capa dura e suas ilustrações fabulistas. 

Embora Del Toro tenha criado a narrativa originária com seu filme, a escrita de Funke é tão elaborada e poética quanto as criaturas criadas em 3 dimensões de Del Toro. O fato de Funke não ter acessado o roteiro do filme, escrevendo o livro apenas pela obra apresentada em tela, mostra o quão o trabalho de Del Toro tem impacto e consegue transmitir cada nuance daquela história. E também quanto Funke é sensível e uma ótima escritora. 

Sem favoritismo pelo diretor, é importante ressaltar que quando se trata de uma obra literária derivada de uma peça cinematográfica não se pode esquecer que as imagens deixam menos espaço para imaginação. Dessa forma, as palavras podem acabar sendo menos atrativas ao colocá-la para trabalhar mais. 

resenha de o labirinto do fauno

A Fuga da Realidade

Ofélia tem como seus melhores amigos seus livros com suas reconfortantes palavras, que ficavam mudas ao serem recriminadas por sua mãe ao considerar a menina velha demais para contos de fadas. Na floresta, a magia dos livros ganhou vida com as fadas e o fauno. A realidade tornou-se pesada demais com todo sofrimento de sua mãe e aqueles lobos predando os homens que se escondiam na floresta. 

A existência daqueles seres mágicos não pode ser completamente negada, uma vez que, em diversas partes, como a porta de giz aberta, a magia interfere na realidade. Contudo, há um questionamento que não pode deixar de ser feito: aquela realidade encantada foi criada por Ofélia ou o destino, querendo Moanna de volta a sua casa, a impeliu até aquele local inerentemente mágico? 

De uma forma ou de outra, as criaturas ali possuem atitudes muito similares em crueldade ou em bondade com os personagens da vida real. O sapo envenena a árvore, o bebê testa os limites do corpo de sua mãe; o fauno parece querer o seu bem mesmo com atitudes que levam a sua desconfiança, o amor pela sua mãe é incondicional mesmo que ela seja dura às vezes; o homem pálido devora as crianças usando um farto banquete para atrai-las, enquanto as políticas ditatoriais usam a comida para poder subjugar o povo e devorar seus filhos na guerra. 

Por Que Ofélia Tem Que Passar Por as Três Provas de Que Fala o Fauno?

Ofélia deve passar por provas para provar que ainda é Moanna, a princesa perdida, após passar muito tempo no mundo dos homens. Ela enfrenta provações mágicas e a realidade cruel imposta pelo capitão Vidal, que persegue os opositores do regime franquista. Mercedes, uma empregada e agente dupla, ajuda os rebeldes em segredo.

Dividida entre dois mundos, Ofélia precisa mostrar força para assumir seu lugar no mundo inferior. Ela também luta para proteger sua mãe e, depois, seu irmão. Mesmo cometendo erros, Ofélia mostra espírito forte e destemido, provando-se digna de sua coroação no reino subterrâneo.

Mercedes

Enquanto Ofélia explora o mundo mágico, Mercedes enfrenta a dura realidade. Como uma segunda protagonista, ela vive o peso dos tempos sem qualquer alívio mágico. Mercedes atua como agente dupla, ajudando seu irmão na resistência e usando o preconceito de gênero para se tornar invisível. Essa invisibilidade permite que ela enfrente o capitão sem ser notada.

Mercedes reflete o que Ofélia gostaria que sua mãe fosse: corajosa e determinada. Ela também mostra como Ofélia poderia ser na fase adulta, sem a proteção da inocência. Mercedes exibe força através de sua humanidade, contrastando com o capitão, que impõe seu poder pela destruição.

Os Ciclos do Labirinto

Um ponto importante na resenha de O Labirinto do Fauno é como o livro complementa o filme. Funke romantiza a obra original de Del Toro, adicionando dez contos. Esses contos funcionam como interlúdios e explicam a origem de elementos marcantes da narrativa. Eles também revelam mais sobre o mundo subterrâneo, visto brevemente ao final da história.

Essas fábulas, espalhadas pelo tempo e pelos mundos, atribuem uma característica cíclica à história. Parece que todos os elementos sempre retornam ao seu lugar de origem. No labirinto, o ciclo maior se fecha, encaixando todas as peças do “relógio” que conta o tempo da narrativa.

Podemos finalizar a resenha dizendo que o romance O Labirinto do Fauno é tão bom quanto o filme original. Ele impressiona pela linguagem e sensibilidade. Del Toro e Funke criaram um clássico sombrio, onde fantasia e realidade se misturam, encantando desde as primeiras cenas.

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4 comentários em “O Labirinto do Fauno – O Era Uma Vez da Realidade [Resenha]”

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