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A Vida Invisível de Addie LaRue: Resenha Literária

A Vida Invisível de Addie LaRue é uma obra que não passa despercebida pelos leitores mais atentos. Isso porque esse livro atingiu um hype imenso desde o seu lançamento em 2020. A obra conquistou as redes sociais, os perfis literários e acabou sendo considerada uma obra prima por muitos críticos. Além disso, essa história foi a responsável por colocar V. E. Schwab na lista das maiores autoras de livros de fantasia da atualidade, conquistando o 1° lugar dos mais vendidos de fantasia do The New York Times e sendo recomendada pelo Entertainment Weekly. 

Em A Vida Invisível de Addie LaRue somos apresentados a Adeline LaRue, ou Addie LaRue, como prefere ser chamada. Ela vive na França do período de 1714 em uma vila pacata do interior e seu destino é o mesmo que o de todas as mulheres que conhece, uma vida breve e sem propósito. Porém Addie não queria pertencer a ninguém e a nenhum lugar, seu sonho é ser livre e ter tempo para viver a sua liberdade.

Em um momento de desespero Addie se submete a um pacto com a escuridão:  a juventude eterna, sob a condição de ser esquecida por quem a conhece. Em um piscar de olhos, Addie se vai, e sua existência se dissipa na memória de todos.

Assim, em essência, a obra é baseada no mito faustiano sobre busca e perda, eternidade e finitude.

Esta resenha de A Vida Invisível de Addie LaRue é uma collab entre o blog Os Melhores Livros e o Ig Literário @recapitulos (onde você também encontra resenhas incríveis). Para receber esse e outros conteúdos em primeira mão, você também pode acompanhar o OML no Canal do Youtube, Instagram e Canal do Telegram. 

A Autora: Quem é V. E. Schwab

V. E. Schwab é uma autora de livros de ficção e fantasia norte-americana. Ela possui inúmeras obras de sucesso, entre elas a saga Tons de Magia e os livros de A Cidade Dos Fantasmas.

Por escrever para dois públicos, adulto e infantil, a autora escolheu modificar sua forma de assinar seus livros. Assim, para os livros infantis ela assina seu nome completo, Victoria Schwab. No entanto, para o público adulto na qual seus livros se baseiam em ficção científica/fantasia, ela escolheu o pseudônimo, V. E. Schwab. Mas por que essa mudança? A autora explica que o mercado norte-americano é muito sexista, e muitos leitores homens não leem ficção científica e fantasia escrita por mulheres. Dessa forma, ela optou pelo pseudônimo gênero neutro.

Ela também é assumidamente LGBT e por esse motivo sempre faz questão de trazer representatividade em seus livros, com temas como assexualidade e relacionamentos homoafetivos.

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O mito faustiano presente em A Vida Invisível de Addie LaRue

O pacto que serve de base para a história de A Vida Invisível de Addie LaRue é baseado em um antigo mito alemão em que o doutor Fausto faz um pacto de juventude eterna com um demônio. 

No mito, Fausto quer um conhecimento que lhe permita ir além de sua condição de homem sujeito às leis da natureza. Ele estava disposto a perder-se para conhecer os segredos do universo. Desse modo, aceita entregar sua alma a Mefistófeles, sendo representado pelo demônio. Porém havia um preço a pagar por esse acordo. Após uma série de acontecimentos trágicos provocados pelo próprio Fausto e pela influência de Mefistofeles em sua mente, ele morre de forma dramática, partindo com o demônio e pagando seu preço pelo pacto. Assim, Fausto simboliza a soberba da busca do poder pelo conhecimento e seu mito foi representado, catalogado e adaptado durante cinco séculos na literatura, sendo usado de viés filosófico por muitos estudiosos.

Resenha de A Vida Invisível de Addie LaRue

Depois de saber um pouco sobre a autora e a inspiração por trás da história dessa obra de ficção, voltamos ao resumo de A Vida Invisível de Addie LaRue. Começamos o livro com um prólogo que mostra uma Adeline LaRue fugindo de algo em 1714. Posteriormente, entrarmos no presente representado pelo ano de 2014. É assim que a história se desenrola, mostrando Adeline desde a sua infância normal em Villon Sur Sarthe, começando em 1698 e transitando para o presente com uma Addie LaRue contemporânea já vivendo a sua maldição com quase 300 anos. 

Essa forma de narração de início compõe perfeitamente a história de duas Addie’s, a de antes da maldição e a depois e fica ainda mais complexo depois de algum tempo em que mostra a trajetória de Addie LaRue pelos anos após a sua maldição e o que acontece até ela chegar no momento atual. Vemos o sonho de ser livre, o desespero de fazer o pacto, o conhecimento e a tristeza que compõe sua maldição. Além disso, há o embate entre Addie e a escuridão que ela nomeia de Luc.  

Composto de sete partes importantíssimas para a montagem do quebra cabeça que é essa história, a autora nos leva em uma viagem sobre a perda e a liberdade, sobre a vida eterna e seus percalços, sobre uma garota e a sua maldição, mas principalmente sobre o valor de ser lembrado e as marcas que deixamos. 

Addie LaRue e o desejo de deixar uma marca no mundo 

Um dos termos da maldição da Addie LaRue é não ser lembrada por ninguém, ela desaparece da mente das pessoas a partir do momento que dão as costas para ela. Outro termo que restringe Addie durante sua trajetória é que ela não pode deixar uma marca no mundo, não pode falar seu próprio nome, nem contar a sua história, dessa forma ela vive praticamente como um fantasma. Por esses motivos, uma das coisas que mais me encantaram nesse livro foi a determinação de Addie LaRue de deixar a sua marca, mesmo que fosse pelas mãos de outra pessoa. 

Sempre se agarrando à arte e a literatura, no decorrer dos anos ela vai sempre arrumar um jeito de encontrar uma brecha em sua maldição. Essa parte me tocou especificamente por que um dos questionamentos do livro é exatamente esse, “o que somos além das marcas que deixamos no mundo?”. A vida é muito curta e ainda assim pessoas são lembradas por séculos através das marcas que deixam, é o que faz eles serem lembrados. Essa é uma das diversas reflexões que o livro traz em sua narrativa poética. 

As passagens do tempo de Addie LaRue

Como foi dito acima, A Vida Invisível de Addie LaRue é narrado através de passagens de tempo, entre o passado e presente. Conhecemos Adeline LaRue, uma criança que não se encaixa nos padrões que a sociedade espera de uma mulher de 1698, rebelde e ansiando cada vez mais ter mais tempo de vida e de liberdade Adeline cresce como esse desejo cada vez mais enraizado dentro de si, até que acaba fazendo um pacto que mudará toda a sua existência. Ao mesmo tempo acompanhamos a Addie LaRue como prefere ser chamada no seu presente atual (2014), já acostumada com a maldição. Essa narrativa escolhida pela autora se parece um quebra cabeça, onde vamos encaixando as peças que são apresentadas no presente descrito por Addie de acordo com o passado que nos é mostrado.

Nessas passagens de tempo podemos ver períodos históricos importantes, personalidades importantes também são mencionadas, são várias referências bem interessantes que a autora utiliza para descrever os anos que a Addie LaRue vive até chegar à atualidade.

“Eu me lembro de você”

Descrito na sinopse como o grande plot twist, após quase 300 anos sem ser lembrada, Addie LaRue ouve cinco palavras que mudam sua existência: “eu me lembro de você”. Essas palavras são ditas por Henry Strauss, peça chave na história e na vida de Addie. Henry consegue ouvir o nome dela e se lembrar dela. O livro dedica uma parte à narração dele, mas não posso me aprofundar para evitar spoilers. Descobrir o mistério de Henry durante a leitura é muito mais interessante.

O relacionamento entre Addie e Luc

Essa é uma das polêmicas do livro e não poderíamos deixar de mencioná-la nesta resenha de “A Vida Invisível de Addie LaRue”. Desde o pacto, Luc (como Addie nomeou o demônio) age como se Addie pertencesse a ele. Luc só pode tomar a alma dela depois que ela se render. Luc aparece em momentos cruciais, sendo um personagem recorrente. Em determinado momento, a troca entre eles se mostra mais complexa. Surgiu a questão de que o relacionamento entre Luc e Addie pode retratar um caso de relacionamento abusivo.

Essa percepção está nas entrelinhas, mas em alguns momentos fica clara. Não posso entrar em detalhes para evitar spoilers, mas diversos momentos entre os dois geraram polêmicas entre os leitores. As opiniões divergentes sobre esse relacionamento só são compreendidas lendo o livro.

Conclusão

Com a história de Addie LaRue, V. E. Schwab entrega um livro reflexivo com uma narrativa poética. Ela levanta questões que fazem o leitor refletir sobre a própria vida e como deixar sua marca no mundo. O livro questiona como estamos aproveitando nosso tempo limitado e enfatiza a responsabilidade pelas nossas escolhas. A Vida Invisível de Addie LaRue é sobre alguém que ultrapassa barreiras para conquistar a liberdade. Ou seja, o livro aborda as consequências dessa busca e como ela encontrou beleza e benefícios em sua jornada.

Por muitos momentos, ela se cansa e lembra de quando era apenas mais uma garota no mundo. Ela percebe que jamais teria chegado tão longe sendo ela mesma. Addie estava fadada a um destino indesejado e nunca se arrependeu de sua decisão. Por isso, muitos se identificam com o livro e sua protagonista. Afinal, ela nos mostra o valor da liberdade. É um livro sobre o tempo, a vida e a marca que deixamos nas pessoas.

Detalhes da edição brasileira:

  • Título: A vida invisível de Addie LaRue
  • Tradução: Flávia de Lavor
  • Editora: Galera
  • Data da publicação: 30 agosto 2021
  • Número de páginas: 504 páginas

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