resenha de uma bruxa no tempo

Uma Bruxa no Tempo – Resenha Literária

[cn-social-icon]

E se fosse possível sonhar com as suas vidas passadas, o que você faria? Vamos demonstrar aqui na nossa resenha de Uma Bruxa no Tempo como esse livro traz uma história reflexiva, intensa, com um grande apelo emocional e profundamente viciante, capaz de cativar o leitor e fazê-lo imaginar diversos finais possíveis para os personagens. 

O livro começa com a personagem Helen Lambert, editora de uma revista pequena, mas que vem se tornando muito popular. Ela acabou de passar por um divórcio doloroso. Quando seu amigo Mickey marca um encontro para ela (um verdadeiro encontro as cegas), ela conhece Luke Varner. Tudo transcorre normalmente no encontro, até que Luke alega que eles já se conheciam. 

Helen, surpresa, insiste que não o conhecia, mas Luke está convicto em provar o contrário. Depois desse encontro, Helen começa a sonhar, gradativamente, com suas vidas passadas, e terá que desvendar o grande mistério que é a sua vida, e como Luke está ligado em todas elas.

Está gostando de ler a resenha de Uma Bruxa no Tempo? Esse texto é uma parceria entre o IG literário @blogleituranna, criado pela autora Anna Luíza Tenório, e o blog Os Melhores Livros. Também estamos presentes no YoutubeTelegram e Instagram, nos quais você terá acesso a textos como esses e também diversos outros guias de leitura postados diariamente aqui no blog! Caso você goste desse conteúdo, poderá adquirir o livro através desse link para ajudar no crescimento do blog.

Personagens de Outras Vidas e Suas Maldições

Vamos dividir a nossa Resenha de Uma Bruxa no Tempo demonstrando as vidas passadas de Helen.

Helen Lambert viveu várias vidas: uma jovem pianista na Paris dos anos 1890, uma atriz na Hollywood dos anos 1930, uma estrela do rock da década de 1970… só que ela ainda não sabia disso até ser confrontada por Luke.

Inicialmente, ela reluta a acreditar em Luke, pois sua vida é tão normal como qualquer outra, até que sonhos começam a invadir a sua mente, trazendo de volta a memória de vidas interrompidas e um amor trágico.

Ela descobre estar vivendo uma maldição repetidamente, com eventos sinistros que acabam com a sua vida. Agora, no entanto, ela contará com uma versão reforçada de si para tentar quebrar novamente esses feitiços.

“O universo estava tramando algo, mas não pude deixar de sentir que fora eu quem havia feito aquilo. […] Eu deveria estar delirando e sendo muito narcisista. Não conseguia controlar o universo daquele jeito, conseguia?”

Juliet LaCompte 

Começamos a nossa resenha de Uma Bruxa no Tempo com o primeiro sonho da jornalista com Juliet LaCompte. A história é vista pela perspectiva da própria Juliet (Helen), e sendo narrada em um pequeno vilarejo no interior da França, Challans,1895. 

Juliet é uma jovem de dezesseis anos, que junto com seus pais e seus dois irmãos, vivem em uma situação financeira difícil – mesmo com seu pai trabalhando em uma grande fazenda, para a família Busson. No entanto, com o intuito de melhorar a situação da família, Juliet é prometida em casamento para o filho da família Busson, Michel Busson. Contudo, Michel, esconde uma personalidade verdadeiramente cruel e brutal, que está disposto a fazer Juliet sofrer constantes agressões, caso o casamento seja firmado.

 Em meio a isso, Juliet, mesmo não gostando da situação, não enxerga muito futuro para a sua vida, mesmo que o seu sonho seja morar em Paris. Por ser a mais velha, cabe a ela os deveres primordiais, como buscar água, arrumar a casa etc. A princípio, já é possível ver, as responsabilidades que a jovem carrega, e as grandes expectativas que seus pais, principalmente a sua mãe, colocam sobre ela. E por falar nisso, a mãe de Juliet era famosa no vilarejo por ter pequenas receitas, ou antídotos para situações específicas, como uma espécie de curandeira.  

A família era vizinha do artista Auguste Marchant, que até aquele momento não era um artista de grande ascensão, e Juliet era sua musa inspiradora, ou seja, Marchant pedia que a jovem posasse para servir de referências, para suas obras, em troca de uma boa quantia que era entregue aos seus pais.  Apesar de parecer inofensivo, Juliet acaba se apaixonando pelo pintor, mas a relação se torna escondida devido a grande diferença de idade e o fato dele ser casado.  

Com o passar do tempo, a mãe de Juliet, descobre sobre essa relação e intervém drasticamente na relação dos dois, começando, a partir disso, uma série de problemas na vida da jovem. Em uma noite, sua mãe invoca uma maldição de amarração, fazendo com que Juliet perca seu bebê (nesse momento Juliet ainda desconhecia a gravidez) e, com isso, transformando para sempre a vida da filha. Debilitada, devido a maldição, a mãe acaba falecendo, porém Juliet é mandada para Paris, para a casa do misterioso Lucian Varnier. 

Pensando que seria uma mera governanta, Lucian a transforma em sua protegida, propiciando que Juliet possa aprender outros idiomas, instrumentos musicais (com predileção ao piano) e arte. Contudo, Lucian era um homem misterioso, e pouco a jovem sabia sobre ele, e quanto mais tempo passava, mais Juliet tinha perguntas. Em uma madrugada, ela decide segui-lo e, encara a verdade sobre ele, fazendo com que ela comece a vê-lo com outros olhos, mesmo ainda alimentando um sentimento por Marchant. 

Nesse ponto da história é preciso acrescentar que, quando os pais da Juliet descobrem sobre seu relacionamento com o pintor, este não apresenta remorso em abandoná-la, causando impacto significativo em como Juliet irá compreender o amor. Logo quando está em Paris, Marchant alcança o sucesso em suas novas obras, porém todas elas são estampadas por Juliet. O abandono emocional por parte do personagem que, claramente, usou a jovem como forma de autopromoção, irá refletir em todas as vidas da Helen.

É nesse viés, que o leitor descobre a verdade sobre Lucian Varnier. Devido a maldição, Lucian se torna um “administrador” de Juliet, com a responsabilidade apoiá-la e ajudá-la com as possíveis complicações da maldição. Além disso, o objeto da maldição, Juliet, supostamente, não poderá viver além da idade da própria bruxa que realizou a maldição (trinta e sete anos). 

“Nossas mentiras têm muita força e, por isso, nos apegamos a elas.”

É importante dizer que, por ser a primeira passagem da vida da Helen, a história da Juliet possui uma carga emocional muito forte. Juliet passou por muitas coisas (entre abusos, abandono emocional etc.), fazendo a narrativa ser fria e melancólica. Particularmente, eu já esperava que o final da personagem fosse trágico, afinal de contas, a Juliet é uma personagem que sempre lutou e sonhou com uma vida melhor, mesmo quando tudo conspirava para o pior. 

Outro ponto importante da história da Juliet é como isso começa a transformar a vida da Helen. Quando os sonhos acontecem, são em momentos esporádicos da sua vida, ou até mesmo em seus momentos de descanso, mas acabam mexendo com a forma como ela enxerga a vida (cores, arte, música e religião), e descobrindo que as habilidades da Juliet, como tocar piano e falar francês, foram passadas para ela. 

Já quando se fala do Marchant, ele possui uma passagem significativa na vida da Juliet pois, por ser a representação do seu primeiro amor, ele faz parte da maldição, ou seja, Auguste Marchant está vinculado as vidas da Helen, fazendo com eles acabem se encontrando em todas elas. Inclusive, na vida atual da Helen, Roger, seu ex-marido, é a representação do Marchant. 

Em meio a isso, preocupada, Helen, junto com seu amigo Mickey, procuram uma solução para essa situação. É quando eles conhecem um curandeiro e explicam toda a situação para ele. Ele informa que é possível quebrar a maldição, desde que ela consiga alguns itens bastante peculiares. Dessa forma, Helen viaja para Paris e deve encarar o seu passado de forma drástica e sofrida. 

uma bruxa no tempo

Nora Wheeler

Continuando nossa resenha de Uma Bruxa no Tempo, chegamos ao segundo sonho da Helen – como Norma Westerman, moradora da cidade de Nova York, em 1932. Contudo, ela muda nome, para Nora Wheeler, quando recebe uma oportunidade de estrelar filmes em Los Angeles e fugir dos abusos que sofria do Clint, produtor de teatro, dono da companhia que ela trabalhava. 

Nora, foi uma grande atriz, mas, assim como Juliet, sofreu durante seu processo de descoberta. Clint, a tratava como objeto, como algo que pertencia a ele, e cansada disso, e com a ajuda de um dos coprodutores da companhia, ela consegue um teste nos estúdios “Monumental Films” em Los Angeles. Fugindo durante a noite, ela pega um trem e chega à Califórnia. 

Devido ao seu carisma, ela é aceita pelo estúdio, iniciando uma grande produção do renomado diretor californiano Billy Rapp (sendo a representação de Marchant). Com essa aproximação, que acaba se tornando muito profunda, com jantares, festas etc., Nora, se apaixona por Billy, que por ventura se casam. Contudo, Nora começa a perceber que seu casamento está longe de ser uma relação amistosa e afetuosa.

 Em sua lua de mel, ela descobre Billy não poderia ter filho, ficando devastada. Com isso, a aproximação dos dois se torna mínima, vivendo somente pelas aparências. Em uma das manhãs, quando ela vai tomar café, ela descobre que os amigos de Billy foram convidados, por ele, para o resort que estavam hospedados, causando desconforto entre ela e os amigos do diretor.  

É nesse momento, que Billy “copia” os mesmos caminhos de Marchant, quando se fala no abandono afetivo ou, no mero aproveitamento com o intuito de proteger a sua carreira. Os dias acabam sendo insuportáveis para os dois, fazendo com que Nora decida voltar para casa. Triste e sem perspectivas, ela dirige de volta, mas antes de chegar em casa, ela vai até o estúdio para falar com Harold Halstead, produtor do estúdio. A atriz desabafa sobre a sua situação com Billy, mas Harold explica a verdadeira verdade por trás do seu casamento, a deixando devastada. 

Sentindo sua tristeza, ele a recomenda para uma peça teatral que acontecerá em Nova York. A peça torna-se um grande sucesso, fazendo com que Nora dê um grande passo na sua carreira. No entanto, quando ela volta para casa, ela encontra Billy em uma situação comprometedora com um dos atores do estúdio. 

“Ver tanto tempo de progresso diante de nós é chocante demais — quase incompreensível. Isso nos faz duvidar de nossa importância no mundo. E sentir que somos importantes é essencial para nossa sobrevivência.”

Triste e sem rumo, Nora e Billy brigam, fazendo com que ela saia de casa e se hospede em um hotel. Logo na manhã seguinte, ela descobre que Billy foi encontrado morto, deixando Nora sem palavras. É nesse momento, que Lucian/Luke, sendo seu administrador, a “salva” de possíveis complicações que podem se originar. Ele a leva para Paris, para a antiga casa onde Juliet morava com ele, fazendo com que Nora começa a relembrar da sua vida passada, e despertar para os mesmos dons musicais e artísticos de Juliet. 

Quando Nora acaba descobrindo toda a verdade sobre as mesmas maldições que Juliet, Lucian/Luke explica que sente uma grande tristeza por ter falhado com ela, Juliet, não evitando o fim trágico da jovem. Nora, por sua vez, começa a nutrir sentimentos por Lucian/Luke, fazendo com que eles construam uma relação amorosa. Mas, assim como Juliet e, devido a maldição, a relação deles não é duradoura. 

Enquanto isso, em Paris, Nora conhece uma parente próxima de Juliet e descobre quais foram as consequências das atitudes de Juliet. Devastada, ela volta para os Estados Unidos, com tudo que precisa para quebrar a maldição. Contudo, é informado a ela, que a quebra da maldição requer um grande sacrifício, que pode comprometer os sentimentos de Helen, afinal de contas ela e Luke estão começando a se apaixonar. 

Sandra Keane

Concluímos a nossa resenha de Uma Bruxa no Tempo com Sandra Keane, a terceira passagem das vidas de Helen. Assim como todas as outras, ela também possui um apego à arte e à música. Vivendo em Los Angeles, na década de setenta, ela possui uma banda de rock alternativo com seus amigos. Seus pais, sendo tradicionalistas, não aceitam que a sua única filha esteja focando seus esforços em ser uma tecladista. “No Exit”, nome da banda, ensaiava na garagem da casa da irmã do vocalista, o Hugh. Kim, sua irmã, não se importava em ter a banda ensaiando e se divertindo, assim como seu esposo, Rick que era fotografo (a representação de Marchant), também não se importava, pelo contrário, ele acaba se tornando fotografo oficial da banda. 

Quando a banda recebe um convite especial para gravar um disco no Novo México, todos ficam animados com essa possibilidade e partem imediatamente. É importante dizer que, diferente das duas primeiras vidas da Helen, a Sandra se mostra mais cética e menos propensa a passar pelos mesmos traumas. Ela é, com certeza, a vida mais desafiadora e dúbia da Helen, pois, além do seu envolvimento curto com Rick, ambos não tinham uma relação difícil, mesmo que ele tenha traído sua esposa Kim.

 Nessa vida, Lucian/Luke também se torna, um personagem diferente, pois, o fato de a Nora ter sido seu grande amor e ele ter “falhado” ao proteger a Juliet, a Sandra é diferente do que ele imaginava, fazendo com que a proteção dele seja feita de outra forma. Outro ponto importante é que, a Sandra, além de despertar para os dons das suas vidas passadas (Juliet e Nora), ela também acaba recebendo o dom da cura, ou seja, ela consegue curar as dores das pessoas. A princípio, isso a assusta, mas Lucian/Luke a ensina a usar o seu dom de forma apropriada. 

A gravadora, construída por Lucian, propicia as melhores semanas da vida de Sandra, mas também propicia dias de grandes descobertas. A Sandra, com certeza, é a mais resistente em acreditar no que Lucian/Luke diz, mesmo que os sonhos dela mostrem a verdade. É nesse ponto que o leitor começa a entender certos pontos peculiares da história, pois, mesmo a Sandra e o Lucian/Luke não se entendendo muito bem, ambos acabam se envolvendo. É como se além do Marchant, todas as vidas da Helen estivessem propensas a, também, se envolver com o administrador. 

Quanto ao Rick, mesmo a relação deles não sendo a mesma como das outras vidas, eles acabam se afastando quando ela vai para o Novo México, e ele fazendo sucesso com as suas fotos, principalmente as fotos em que Sandra está tocando piano. Com isso, ele é chamado para fotografar os conflitos no Vietnã, resultando em sua morte logo depois. 

Sandra, devastada, tem certa resistência em aceitar, principalmente por achar que Lucian/Luke pode estar envolvido nisso. Mesmo sendo a maldição, nesse ponto da história, a relação entre Lucian/Luke e Sandra fica insustentável, fazendo com a jovem tome atitudes inconsequentes. Devido a isso, assim como Nora e Juliet, Sandra também acaba falecendo. 

Quanto a Helen, depois de conhecer mais sobre suas vidas, e sobre ela mesma, ela acaba tendo uma dimensão maior sobre a vida e as suas atitudes. Mesmo sabendo que poderá morrer, aos trinta e quatro anos, se não conseguir quebrar a maldição, ela evolui na medida que entende certos aspectos da sua vida. Enquanto isso, ela e Luke, cada vez mais conectados abrem mão dos seus próprios gostos e amores, para pôr fim a maldição, mesmo que um tenha que ficar sem o outro.

Conclusão

Podemos perceber em nossa resenha de Uma Bruxa no Tempo que o livro faz com o leitor reflita sobre diversos assuntos, como espiritualidade, amor e realismo. Mesmo sendo uma mulher moderna, Helen, não descartou ser tudo verdade, quando Luke abordou sobre suas vidas passadas, mas se manteve cética até um certo ponto. A personagem trás uma reunião de todas as outras, pois, quando se fala em paixão e amor, a Juliet é a parte que mais se reflete na Helen, mas quando se fala em coragem e senso crítico, temos a representação da Nora e a Sandra. 

Quanto ao Luke, ele está preso na maldição assim como a Helen, mas não da mesma forma, pelo contrário. Ser o administrador de várias vidas é uma forma de punição pelos seus atos praticados. A visão que a Helen possui sobre suas vidas é sempre narrativa e descritiva, fazendo com que o leitor se envolva e se simpatize com as personagens. 

“Eu questiono tudo. Sinto mais o peso da vida, como Juliet. No entendo, tenho mais esperança, como Nora. Tornei-me mais filha dos anos 1970, como Sandra.”

Mesmo com tantos acontecimentos, a narrativa é leve e cativante, pois em todas as vidas, o leitor é envolvido em uma série de acontecimentos marcantes. “Uma bruxa no tempo”, consegue traçar uma linha muito parecida com o livro A vida invisível de Addie Larue

Além de traçar uma linha do tempo entre o presente e passado, trás personagens parecidos, com grande apelo filosófico e artístico. Sem dúvidas, a escritora Constance Sayers possui uma história arrebatadora e inspiradora, que trás uma profunda admiração dos seus leitores. 

Gostou de conhecer a nossa resenha de Uma Bruxa no Tempo? Veja outros posts recentes do blog e deixe seu comentário abaixo!

No post found!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *