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Quarto de Despejo: O Diário de Carolina Maria de Jesus (Resenha)

Quarto de Despejo é um livro escrito por Carolina Maria de Jesus. Publicado em 1960, o livro é um diário que retrata a vida da autora em uma favela em São Paulo, conhecida como Canindé. A obra é composta por relatos diários escritos por Carolina entre 1955 e 1960. O livro retrata a realidade dura e desafiadora da vida na favela, abordando temas como pobreza, fome, violência e discriminação racial. Carolina descreve as condições precárias de moradia, a falta de saneamento básico, a dificuldade em conseguir emprego e as situações de violência que ela presencia ou sofre. Neste texto, você irá conhecer uma resenha de Quarto de Despejo para entender melhor a obra. 

Através de sua escrita, Carolina Maria de Jesus expõe as desigualdades sociais e raciais presentes no Brasil da época, além de abordar questões de gênero e maternidade. Seu livro ganhou reconhecimento nacional e internacional, tornando-se um dos mais importantes relatos autobiográficos da literatura brasileira.

O impacto desta obra na literatura brasileira é inegável, abrindo caminho para a visibilidade de vozes marginalizadas e a discussão sobre a desigualdade social no país.

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Sobre a Autora

Carolina Maria de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes escritoras do país. Famosa por seu livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, escrito em 1960, a autora trouxe um pouco de sua sofrida história contando como era sua rotina para sustentar ela e seus filhos e as longas provações que enfrentou no decorrer dos anos em que viveu na favela de Canindé, às margens do rio Tietê. Carolina Maria de Jesus nasceu em 1914, em Minas Gerais, e migrou para São Paulo em busca de melhores condições de vida. 

Na favela, ela trabalhava como catadora de papel e escrevia em cadernos encontrados no lixo. Durante os anos em que viveu ali, a autora escrevia quase todo santo dia seus relatos em um pequeno caderno que chamava de diário. No entanto, ali ela não só escrevia sobre seu trabalho árduo, mas também seus sentimentos mais profundos. A dor da fome junto com toda a dor de uma mãe que não consegue dar a vida que pretendia aos seus filhos.

No decorrer da história, Carolina também nos apresenta seus vizinhos e as pessoas que mantinha contato, principalmente ao sair de casa diariamente para catar papel e outros artigos. 

O Contexto em Que Viviam

Carolina ressalta muito a existências de homens que viviam à custa de suas esposas; maridos bêbados que agrediam suas mulheres e filhos dentro de casa; a fome e as horríveis brigas constantes entre os moradores; e principalmente a falta de ensinamento e educação básica para as crianças.

O sonho da autora, além de poder tirar os filhos daquela situação, era lecionar. Sim, Carolina sempre quis ser professora, mas o pouco estudo que teve na infância a impediu de seguir esse desejo. Para aquela mulher, já era impressionante ler e escrever. Entretanto, o que me chamou a atenção como leitora, foi o fato de seu livro lançado ter sido publicado com todos os erros ortográficos que Carolina cometeu no decorrer de sua escrita. O que deixa a leitura ainda mais realista e comovente. E principalmente que mesmo com os erros, nada daquilo impede a leitura da história, e muito menos tira todo o talento que essa mulher tinha de colocar seus sentimentos para fora, mostrando a realidade de forma poética sem excluir nem romantizar um trecho sequer.

Política 

Carolina também acompanhava a vida política atentamente nos anos em que viveu em Canindé. Ela percebia que durante os períodos eleitorais, muitos candidatos apareciam na favela, ajudando os moradores ao trazer provisões e alguns pequenos prazeres como cinema para as crianças. 

No entanto, após ganharem o afeto do povo que votava nesses representantes acreditando que aqueles estimados auxílios continuariam os ajudando, muito em breve nada mais era entregue a eles. O candidato simplesmente esquecia da existência daquele simples povo que precisava de socorro urgentemente. Mais do que tudo, Carolina odiava esses tipos.

Fome

O mais impressionante disso tudo é a maneira como Carolina retrata a fome. A fome é como mais uma personagem de sua história, que está sempre presente e atormentado a autora e seus filhos. Ela conta que a cor da fome é amarela e é a partir desse momento que nós leitores sentimos a dor dessa mulher, a terrível dor que nos faz ter uma empatia tremenda por essa mãe batalhadora.

Uma cena que me impressionou e entristeceu ao mesmo tempo foi um relato de Carolina que viu diretamente um funcionário de um mercado descartando produtos, (mais especificamente comida) no lixo. A autora percebeu, ou sabia que a comida não estava inteiramente estragada, (o que não era um problema para ela, já que no decorrer de sua vida comeu muita coisa pior que um produto vencido há poucos dias). Porém, ao pedir para o homem lhe dar ao menos um pouco, ele recusou expressamente, alegando que isso poderia afetar diretamente a oferta e demanda.

A Descoberta

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Apesar de todas as provações que tanto sofreu, Carolina conseguiu publicar seu livro graças a um jornalista chamado Audálio Dantas que a descobriu e leu todos os cadernos da autora. O jornalista, que buscava falar sobre a favela em especial, ficou extremamente impressionado com a qualidade de sua escrita. Admirado com toda essa capacidade, ele resolveu ajudá-la ao publicar algumas passagens e trechos no jornal de São Paulo, e em 1960, seu primeiro livro foi lançado pela editora Francisco Alves.

Graças ao sucesso de venda de seu livro, Carolina logo deixou a favela, e pouco depois, comprou uma casa no Alto de Santana. Ela também recebeu homenagem da Academia Paulista de Letras e da Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo.

Apesar de seu livro ter se tornado rapidamente um best-seller, traduzido para outras línguas e publicado mundo afora. Carolina não se beneficiou tanto com o seu sucesso e não demorou muito para voltar às condições de antes. Em 1969, mudou-se com os filhos para um sítio no bairro de Parelheiros, época em que foi praticamente esquecida. E no dia 13 de fevereiro de 1977, Carolina Maria de Jesus faleceu.

Conclusão da Resenha de Quarto de Despejo

Concluímos esta resenha de Quarto de Despejo ressaltando que esse livro é importantíssimo. Carolina mostrou para muitos a realidade das favelas brasileiras. A dor e sofrimento que essas pessoas passam diariamente e raramente conseguem mudar com seus simples e modestos trabalhos. Carolina Maria de Jesus conseguiu mudar sua vida, mas muitos não têm o mesmo sucesso e infelizmente poucos conseguem esse feito. 

Durante minha leitura me emocionei bastante com os relatos da escritora, ao mesmo tempo em que me senti imensamente triste com seu estilo de vida. Realmente é uma leitura que vale muito a pena. E ela não precisa ser a única, já que Carolina escreveu muitos outros livros fantásticos.

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1 comentário em “Quarto de Despejo: O Diário de Carolina Maria de Jesus (Resenha)”

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