resenha de Pachinko

PACHINKO: Resenha do Livro Sul-Coreano Sensação do Momento

Neste texto vamos fazer uma resenha de Pachinko, um livro sul-coreano que ultrapassou os limites do país e virou série na Apple TV. Compreenda a saga de várias gerações de imigrantes coreanos no Japão do século XX nessa obra que, por sua maestria, teve sua leitura recomendada por Barack Obama. 

“Pachinko” é uma história que transcende gerações. Ela traz uma carga emotiva muito forte, mas que todos nós precisamos ler, para entender cada sentimento e cada decisão que os personagens tomam. 

A Coreia do Sul é o foco da nossa história, e todas as transformações que nela surgiram, desde a ocupação japonesa, em parte do território, e as grandes guerras mundiais, causando pobreza e um intenso movimento migratório. A autora Min Jin Lee, começa o livro com personagens caricatos, mas com vidas comuns, tentando sobreviver com recursos escassos.  

>>> Esse texto é uma COLLAB entre o perfil literário @blogleituranna, criado pela autora Anna Luíza Tenório, e o blog Os Melhores Livros. Também estamos presentes no Telegram e Instagram, nos quais você terá acesso a resenhas como essas e também diversos outros guias de leitura postados diariamente aqui no blog!

Os Personagens e o Enredo do Livro Pachinko

resumo de Pachinko

O foco da história é a personagem Sunja, filha de um pescador aleijado e uma mãe dedicada que possui uma pequena estalagem com excelentes refeições (ela será o fio condutor entre as várias gerações que são abordadas na obra). Com a morte do seu pai, ela e a mãe se tornam um grande pilar de sobrevivência, sendo um grande desafio para as duas mulheres. 

“[…] a vida de uma mulher é trabalho e sofrimento sem fim. É sofrimento após sofrimento. Não importa o que aconteça, sempre espere sofrimento e continue trabalhando duro. Ninguém se preocupa com uma mulher pobre… a não ser nós mesmas”.  

 Quando Sunja conhece Hansu, um forasteiro misterioso, ela acaba se envolvendo com ele. Contudo, as coisas não serão como ela imagina. Além de Hansu ser casado no Japão, ele pertence à uma espécie de máfia, se mostrando um homem muito perigoso. 

Todavia, quando um jovem pastor, Baek Isak, se instala na pequena pensão, desperta certa admiração por parte de todos, pelo seu jeito educado, mas simplório. 

 Assistindo ao desespero de mãe e filha, o pastor propõe se casar com Sunja, principalmente, para preservar a sua reputação. Com isso, o jovem casal parte para Busan, uma grande cidade portuária, deixando tudo para trás e com um segredo que irá perpetuar por anos. Posteriormente a família irá se mudar para o Japão, onde ela e seus filhos irão sofrer na pele o preconceito por serem imigrantes. 

A Fuga da Terra Natal

Dando continuidade a nossa resenha de Pachinko, é importante ressaltar que essa decisão de deixar a sua terra-natal e fugir do poderoso pai de seu filho inicia uma saga dramática que se desdobrará ao longo de várias gerações por quase cem anos.

“[…], mas um Deus que fizesse tudo que julgamos correto e bom não seria o criador do universo. Seria nossa marionete. Não seria Deus. Há mais a respeito das coisas do que podemos conhecer.” 

Sunja e sua família, irão mostrar o verdadeiro risco e valor que cada palavra e gesto são capazes de ter. Com o passar dos anos, os segredos voltam a atormentá-la, principalmente quando Noa (filho de Hansu) vai se tornando um homem inteligente, e proativo, enquanto Mozasu (filho de Isak), possui um tino incrível para os negócios, principalmente para o pachinko (casas de jogos e apostas muito predominante na cultura asiática). 

Para a população coreana, esses locais eram uma saída para que conseguissem trabalhar e prosperar nessas terras forasteiras. 

O livro de Min Jin Lee inicia-se em 1910, passa pelas invasões japonesas, pela Segunda Guerra Mundial (passa pelas bombas atômicas disparadas contra Hiroshima e Nagasaki) e finaliza no ano de 1989, utilizando a história de uma família comum para falar sobre honra, identidade, pátria e pertencimento. 

Resenha de Pachinko: As Reflexões Que a Obra Nos Traz 

A escritora Min Jin Lee, finalista da premiação National Book Award, traz um forte empoderamento feminino e representativo. A cultura coreana vem se destacando no cenário mundial, seja pelas suas músicas, vestuários e costumes, porém, retratar uma parte da história coreana que, até hoje, sente-se as consequências, é um grande desafio. “Pachinko” fala da importância da pátria, dos valores e das raízes.  

“Pátria é um nome, uma palavra, e é forte; tão forte, que nenhum mágico pronunciou feitiço maior e nenhum espírito respondeu a um chamado mais forte.”

Charles Dickens. 

Quando se fala em raízes e pátria,é importante ressaltar nessa resenha de Pachinko que a obra traz uma reflexão sobre o que, de fato, a guerra proporcionou: a migração e a pobreza. A população coreana, foi rechaçada e excluída socialmente pelos japoneses, afetando drasticamente o modo como eles vivem e se comportam. 

Em muitos momentos da história, Sunja reflete sobre o destino dos coreanos frente a escassez de alimentos e forte repressão das leis e costumes. Em uma passagem marcante do livro, seu filho Noa, mesmo sendo um dos melhores alunos da turma, ainda sofre com o preconceito e vê outras crianças abandonarem os estudos para cuidar da família.

Particularmente, não pensei que me apagaria tão profundamente a história, mas com os passar dos capítulos, é inevitável não se identificar, e torcer para que dias melhores sejam agraciados por todos os personagens. Ao fazermos um resumo de Pachinko, podemos dizer que essa não é uma história fácil de se ler, pois, nem tudo que imaginamos é real, ou irá se concretizar. Estamos diante de uma história familiar, com imprevistos, dores, mas muito amor.  

É importante dizer que, o pachinko, mesmo sendo muito popular nos países asiáticos, foi e ainda é muito malvisto pelos próprios, pois nas casas de jogos há diversos tipos de pessoas, além de ser proibido no Japão, mas, de certa forma, tolerável, na medida do possível, por conta do turismo. Todavia, a polícia japonesa sempre se faz presente para que não haja falsificação de documentos e propaganda enganosa.  

A união familiar, também é um valor muito importante na história, pois desde o começo, a família de Sunja é unida e trabalha sempre em prol da felicidade de ambos. Em alguns momentos da história, existem decepções muito fortes, que causam consequências ainda mais profundas, e somente a família poderá “curar” certas feridas.  

Conclusão

Uma história que ensina, transforma e mexe com os seus sentimentos. Min Jin Lee trouxe essas e muitas outras emoções para os seus leitores. Pachinko é uma obra de arte, que será adaptada pela Apple Tv, dia 25 de março. Não vejo a hora de poder assistir cada um dos atores dando vida a personagens tão complexos e íntimos. 

Sunja tem uma história de luta e aprendizado, mas que enfrenta altos e baixos muito profundos, porém, todos os seus desafios nos mostram que o pachinko era apenas um jogo, mas a vida não era.  

Gostaram da resenha de Pachinko? Escrevam nos comentários se vocês já leram, ou têm curiosidade sobre a história. 

10 comentários em “PACHINKO: Resenha do Livro Sul-Coreano Sensação do Momento”

  1. Thainara Pereira de Souza

    Oii tô assistindo a série e pelo visto to tendo uma opinião totalmente diferente das outras pessoas sobre o Hansu, eu não gosto do personagem mais ta todo mundo amando (suspeito que seja por causa do lee min-ho) o que você que leu o livro pensa a respeito dele?

    1. Olá, Thainara, tudo bem?
      Ele é um personagem muito de momentos. Então, em um primeiro momento, acaba-se não gostando dele. No entanto, ele procura ajudar a Sunja, mesmo que de forma não muito certa. No final, ele não é um personagem bom, mas possui características que podem tornar ele bom. Depende muito do olhar que você vai ter na história.

    2. No meu entendimento, Hansu é um personagem dúbio, fruto da miséria e dor da sua adolescência . Da para perceber, através de suas conversas com Sunja. Perigoso, mas como diziam os vendedores de peixe de Busan, Justo. Seu amor por Sunja é real e profundo… Enfim acredito também, que o fato de ser interpretado por Lee Min Hoo, leva as pessoas gostar do personagem

  2. Luciana Figueira

    Eu sou super fã de Lee Min Hoo, até o sétimo capítulo, eu tb não estava gostando muito dele, mas , ontem, vendo o sétimo capítulo é que a gente começa a entender o porquê dele ter se tornado daquele jeito. É uma questão de sobrevivência! No fundo, ele era uma boa pessoa.

    Tanto é que os comerciantes no mercado estavam sentindo sua falta, pelos preço justos que pagava pelas mercadorias e ele realmente gostava da Sunja, só não estava preparado para receber um NÃO. Cada personagem vai traçando a sua história, e é legal a gente fazer sem muitos julgamentos, apenas tentando entender a história de cada um. Estou terminando de ver a série, e ela tem uma carga emotiva muito forte.

    Chorei várias vezes. A miséria, a discriminação por ser coreano, por ser pobre, por ser mulher. Hoje o cereal Arroz é um produto tão comum em nossas mesas, mas naquela época não. Somente os japoneses podiam comer e rá um artigo de luxo. A gente sempre vai tirando lições pra nossa vida.

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