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Os 12 melhores livros que li desde que criei o canal

Ao longo dos anos produzindo conteúdo literário, li muita coisa boa — e outras que nem tanto. Mas alguns livros conseguiram ir além. Eles me atravessaram, me impactaram de verdade e ficaram comigo muito depois da leitura. Neste post, compartilho com você os 12 melhores livros que li desde que criei o canal. São obras que recomendo de olhos fechados, seja pela escrita marcante, pela força dos temas ou pela transformação que provocam em quem lê.

Por que esses livros?

Essa lista não foi feita com base em rankings de vendas ou listas populares. Aqui você vai encontrar livros que me marcaram pessoalmente, alguns nacionais, outros internacionais, alguns clássicos e outros contemporâneos. O que todos têm em comum é o fato de provocarem algo: desconforto, beleza, reflexão, emoção — ou tudo isso junto.

Entre eles, estão livros como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, que abre a lista com sua prosa seca e poderosa sobre a miséria no sertão nordestino. Também aparecem títulos como Torto Arado, Tudo é Rio e Pachinko, que abordam ancestralidade, dor e resistência. Já A Morte de Ivan Ilitch, O Estrangeiro e Bartleby, o Escriturário mergulham na existência humana e nos fazem encarar o sentido da vida — ou a falta dele.

Tem espaço ainda para a ficção científica de Duna e o humor filosófico de O Guia do Mochileiro das Galáxias, que mostram como o fantástico pode nos fazer pensar sobre o mundo real de forma ainda mais profunda.

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1. Vidas Secas (Graciliano Ramos)

Ambientado no sertão nordestino, Vidas Secas acompanha Fabiano, sua esposa, os filhos e a cadela Baleia em uma luta quase inumana contra a seca, a fome e a ausência de perspectivas. Com uma linguagem seca e direta, Graciliano Ramos entrega uma das obras mais simbólicas do modernismo brasileiro, onde até o silêncio diz muito — e o sofrimento não é exagerado, mas exposto de forma dura e econômica.

O que mais me marcou neste livro foi a forma como ele retrata a pobreza sem recorrer à vitimização nem à catarse fácil. É um romance sobre sobrevivência num ambiente que nega humanidade aos seus personagens. A cadela Baleia, por exemplo, é uma das figuras mais comoventes da literatura brasileira — e, ironicamente, a que mais parece sonhar e sentir.

2. Torto Arado (Itamar Vieira Junior)

Logo nas primeiras páginas, uma tragédia silenciosa: uma menina encontra uma faca e, ao brincar com a irmã, corta a própria língua. Esse evento simbólico desencadeia a narrativa de Torto Arado, que acompanha a vida de duas irmãs e a resistência de comunidades quilombolas no sertão da Bahia. A narrativa mistura oralidade, espiritualidade e história não contada nos livros oficiais.

Itamar escreve com uma força ancestral. O silêncio das personagens femininas é cheio de camadas: ele carrega a herança do apagamento, mas também o poder da escuta, da memória e da resistência. Torto Arado me tocou como poucos livros tocaram. É um grito abafado que ecoa por gerações.

3. Bartleby, o Escrivão (Herman Melville)

Bartleby é contratado como escrivão num escritório em Wall Street. No início, ele cumpre bem suas funções, mas com o tempo começa a recusar tarefas com a frase: “Preferia não.” Sua passividade vira um ato de resistência silenciosa — e desconcerta todos ao redor.

Essa história curta e enigmática continua atual como nunca. É uma crítica ao trabalho mecânico, à alienação urbana e à expectativa de produtividade constante. Bartleby não grita nem protesta — ele apenas se recusa. E nesse gesto contido, há uma força subversiva enorme. Um livro minimalista, mas que reverbera por muito tempo.

4. O Estrangeiro (Albert Camus)

Meursault é um homem aparentemente alheio às convenções sociais: ele não chora no enterro da mãe, comete um crime sem grandes justificativas e parece indiferente até à própria sentença de morte. O Estrangeiro é o romance que melhor sintetiza o pensamento do absurdo de Camus.

Essa frieza, que tanto incomoda, é justamente o que torna o livro genial. Meursault vive num mundo sem sentido — e se recusa a fingir o contrário. Ao não oferecer explicações reconfortantes, Camus nos obriga a confrontar o vazio. E, paradoxalmente, isso faz com que a vida pareça ainda mais preciosa.

5. A Morte de Ivan Ilitch (Liev Tolstói)

Ivan Ilitch é um juiz respeitado, com uma vida aparentemente exemplar — até que descobre que está com uma doença terminal. Em seus últimos dias, ele é forçado a confrontar a superficialidade de sua existência e o vazio das convenções sociais que sempre seguiu. É um livro curto, mas de peso existencial imenso.

Tolstói nos coloca diante da pergunta mais incômoda: “E se eu nunca tivesse realmente vivido?” A morte aqui não é apenas biológica, mas simbólica. Ler A Morte de Ivan Ilitch é como encarar um espelho — e perceber que, às vezes, é preciso morrer um pouco para viver de verdade.

6. Tudo é Rio (Carla Madeira)

Carla Madeira mistura dor, erotismo, culpa e perdão em uma história que poderia ser um drama exagerado, mas que ganha profundidade e poesia em cada frase. Tudo é Rio acompanha um triângulo marcado pela tragédia, envolvendo um casal e uma prostituta. A fluidez da narrativa espelha o próprio rio que dá título ao livro — sempre em movimento, às vezes calmo, às vezes violento.

O que me impactou aqui foi como Carla fala de sentimentos viscerais com tanta delicadeza. É um livro que dói, mas é impossível parar de ler. A culpa, o desejo e o trauma não são romantizados — são expostos, como feridas abertas. E mesmo assim, há beleza.

7. Flores para Algernon (Daniel Keyes)

A história é contada em forma de diário por Charlie Gordon, um homem com deficiência intelectual que se submete a uma cirurgia experimental para aumentar sua inteligência. Conforme Charlie vai se tornando mais brilhante, ele também se distancia emocionalmente das pessoas ao seu redor — até perceber que a inteligência não é sinônimo de felicidade, e que a regressão é inevitável.

É impossível sair ileso dessa leitura. O contraste entre os primeiros e os últimos relatos de Charlie é devastador. Mais do que uma crítica à sociedade que exclui os diferentes, Flores para Algernon é um apelo à empatia. É sobre o que realmente significa ser humano.

8. Pachinko (Min Jin Lee)

Em Pachinko, acompanhamos a trajetória de uma família coreana vivendo no Japão ao longo de quatro gerações. A matriarca Sunja é o centro dessa história, que aborda temas como racismo, identidade, sacrifício e pertencimento. O título remete ao jogo de azar japonês — uma metáfora para a imprevisibilidade da vida.

O que torna esse livro tão marcante é sua capacidade de nos mostrar que a história pessoal e a coletiva são inseparáveis. A dor de uma mãe, a vergonha de um filho, a busca por dignidade em um país que te rejeita — tudo é contado com profundidade e humanidade. É uma leitura longa, mas que vale cada página.

9. Crônica de uma Morte Anunciada (Gabriel García Márquez)

Desde a primeira linha, sabemos que Santiago Nasar vai morrer. E o que mais assusta é que todos os personagens também sabem — mas ninguém faz nada para impedir. Crônica de uma Morte Anunciada é um exercício de estrutura narrativa impecável, que brinca com o tempo, a memória e a omissão coletiva.

Esse livro é um soco porque revela como a tragédia pode ser consequência não da maldade, mas da indiferença e da inércia. García Márquez desmonta a ideia de culpa individual e nos coloca diante da responsabilidade compartilhada. É uma crítica sutil, mas poderosa, à hipocrisia social.

10. O Guia do Mochileiro das Galáxias (Douglas Adams)

Arthur Dent é um humano comum que descobre, de repente, que a Terra vai ser destruída para dar lugar a uma rodovia intergaláctica. Assim começa essa jornada absurda, hilária e inesperadamente filosófica pelo universo, repleta de criaturas bizarras e questionamentos existenciais.

Apesar do tom cômico, O Guia do Mochileiro das Galáxias é um livro profundo disfarçado de besteirol. Ele ri da nossa mania de buscar sentido em tudo — e nos lembra que o universo não está nem aí. “42” é a resposta para tudo, mas a pergunta nunca é revelada. E isso diz mais do que parece.

11. O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde)

Dorian Gray é um jovem belo e inocente que, ao ter seu retrato pintado, deseja permanecer jovem para sempre — e consegue. Mas enquanto ele se mantém intocado pelo tempo, o quadro envelhece e carrega as marcas de seus pecados. É uma crítica feroz à superficialidade e à decadência moral.

O que Wilde faz aqui é nos lembrar que não dá pra enganar a consciência. A beleza sem responsabilidade se transforma em monstruosidade. E o retrato escondido no sótão é só um reflexo do que Dorian se recusa a encarar. Um clássico com estilo, veneno e profundidade.

12. Duna (Frank Herbert)

Duna é um épico de ficção científica que vai muito além das batalhas intergalácticas. É um tratado sobre política, religião, ecologia e poder. Paul Atreides, o protagonista, se vê no centro de uma profecia messiânica ao chegar no planeta desértico Arrakis, onde a especiaria melange é o recurso mais valioso do universo.

O que mais me impressionou em Duna foi a profundidade filosófica que Herbert consegue colocar em um cenário de fantasia. É uma crítica à manipulação de massas, à dependência de recursos naturais e à idealização de líderes. Um livro que exige atenção, mas que entrega uma das experiências mais ricas que já tive como leitor.

2 comentários em “Os 12 melhores livros que li desde que criei o canal”

  1. Em um país onde ainda se lê pouco, o trabalho de vocês no Os Melhores Livros é mais do que necessário, é urgente. Indicar boas leituras, falar de livros com paixão e clareza, e mostrar que a leitura pode (e deve!) fazer parte da vida de todos é um serviço imenso à cultura. Cada post de vocês planta uma sementinha de curiosidade e amor pelos livros. Que bom que existem vozes como a de vocês ajudando a transformar leitores em apaixonados por histórias.

    André

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