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Resenha: Fogo e Sangue (George R. R. Martin)

Fogo e Sangue é um livro de George R. R. Martin que expande o universo de As Crônicas de Gelo e Fogo. Publicado em 2018, o livro é o primeiro volume de uma história dividida em duas partes, cobrindo a ascensão e a queda da Casa Targaryen, a dinastia que governou Westeros por quase três séculos antes dos eventos de A Guerra dos Tronos. Neste texto, você vai acompanhar uma resenha de Fogo e Sangue para melhor compreensão da obra.

O livro é escrito no estilo de uma crônica histórica, narrado pelo arquimeistre Gyldayn da Cidadela de Vilavelha. Ou seja, o livro teoricamente existe dentro do universo para consulta lá na Cidadela, disponível para os personagens que frequentam o local lerem se assim desejarem. Este estilo permite a Martin explorar a história dos Targaryen com uma riqueza de detalhes, incluindo histórias de batalhas épicas, política de corte, doses de fofoca e a criação e perda dos lendários dragões. 

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Relação com As Crônicas de Gelo e Fogo

Enquanto As Crônicas de Gelo e Fogo se concentra principalmente na luta pelo poder no período contemporâneo dos livros, Fogo e Sangue oferece um pano de fundo histórico, ajudando os leitores a entenderem melhor os eventos e personagens da série principal.

Se você tem interesse no universo de As Crônicas de Gelo e Fogo, Fogo e Sangue é uma leitura essencial para aprofundar o entendimento sobre a rica e complexa história dos Targaryen.

Sinopse

Fogo e Sangue detalha a história dos reis Targaryen de Westeros. Ele começa com Aegon, o Conquistador, o criador do Trono de Ferro, e sua guerra para unificar Westeros, juntamente com suas irmãs. A narrativa inclui outros períodos de reinado, como Maegor, o Cruel, os reinados de Jaehaerys I, a questão de sucessão e a ascensão de Viserys I, a guerras civil entre Verdes (Aegon II e Alicent) e Pretos (Rhaenyra) conhecida como a Dança dos Dragões (que quase dizimou a Casa Targaryen), e eventos importantes que sucederam o fim da guerra, como o governo de 6 dias do lobo, e os regentes de Aegon III e finaliza com ascensão dele ao trono ao completar 16 anos. 

Toda a história escrita pelo arquimeistre Gyldayn traz relatos e depoimentos de personagens que circundam esses acontecimentos. Portanto, a mesma história traz ângulos diferentes, especialmente o período conhecido como a Dança dos Dragões (que está sendo retratado na série A Casa do Dragão, da Max). Esse fato, faz com que o livro se relacione com a série, visto que na leitura muitas vezes você fica imaginando qual seria a versão correta e a adaptação algumas vezes recheia isso de uma forma bem interessante. Além disso, a série cria cenas que não aparecem no livro. Quando o faz, toma o cuidado de adaptar partes em que os interlocutores da obra de Gyldayn não estão presentes e, portanto, aquelas cenas não poderiam ter sido retratadas. 

Nessa resenha de Fogo e Sangue, vamos conversar um pouco sobre as principais partes do enredo para os curiosos de plantão e para quem está com vontade de ler a obra (eventualmente podem aparecer spoilers). Também vou narrar apenas as partes mais interessantes (para mim) da obra, que mais agregam para o entendimento da casa Targaryen. 

Cronologia

Em Westeros, os eventos históricos são referenciados em relação a um ponto central na cronologia: a Conquista de Aegon I Targaryen, também conhecido como Aegon, o Conquistador. Os eventos são, portanto, categorizados como “Antes da Conquista” (a.C.) e “Depois da Conquista” (d.C.).

Antes da Conquista (a.C.)

  • Período Antigo: Inclui a Era dos Heróis, a Longa Noite, e a chegada dos Ândalos em Westeros.
  • Primeira Longa Noite: Uma era de escuridão e inverno prolongado que ocorreu milhares de anos antes da Conquista.
  • Fundação das Grandes Casas: Muitos dos eventos que levaram à formação das grandes casas de Westeros, como os Stark, Lannister, e Baratheon, ocorreram durante esse período.

Depois da Conquista (d.C.)

  • 0 d.C.: Marca o ano em que Aegon I Targaryen iniciou sua conquista de Westeros, unificando os Sete Reinos sob seu domínio.
  • Reinado de Aegon I: A Conquista e o estabelecimento do Trono de Ferro, que uniu os Sete Reinos.
  • Reinado dos Sucessores de Aegon: Inclui os reinados de Aenys I, Maegor I, Jaehaerys I, e outros monarcas Targaryen.
  • Conselho de 101 d.C.: Um evento importante durante o reinado de Jaehaerys I, onde os lordes de Westeros decidiram sobre a sucessão.
  • Dança dos Dragões (129-131 d.C.): Uma guerra civil devastadora entre facções rivais da Casa Targaryen, disputando o Trono de Ferro.
  • Rebelião de Robert (283-284 d.C.): A rebelião que levou à queda da dinastia Targaryen e ao estabelecimento da Casa Baratheon no Trono de Ferro.
  • Eventos das Crônicas de Gelo e Fogo (298-305 d.C.): Os eventos principais dos livros A Guerra dos Tronos e suas sequências, que envolvem a luta pelo poder em Westeros.

A Conquista de Aegon

Aegon I é, sem dúvida, uma das figuras mais importantes na história de Westeros, e seu reinado é um ponto crucial para entender a ascensão e queda dos Targaryen.

Aegon nasceu em Pedra do Dragão e cresceu no domínio ancestral dos Targaryen. Ele e suas irmãs-esposas, Visenya e Rhaenys, partiram para conquistar os Sete Reinos de Westeros. A Conquista de Aegon começou quando ele desembarcou em Westeros com seu exército e três dragões: Balerion, o Terror Negro; Vhagar; e Meraxes.

Após a conquista, Aegon I unificou os Sete Reinos sob um único governo centralizado. Ele criou o Trono de Ferro, feito das espadas de seus inimigos derrotados, como símbolo de seu domínio. Seu reinado foi marcado pela consolidação do poder e pela criação de várias instituições importantes, como o Grande Conselho e o uso da Mão do Rei como principal conselheiro.

Maegor o Cruel

Maegor I Targaryen, também conhecido como Maegor, o Cruel, foi o terceiro rei Targaryen a sentar no Trono de Ferro. Ele era filho de Aegon I Targaryen e de sua irmã-esposa, Visenya Targaryen. Maegor foi um dos governantes mais impiedosos e brutais da história de Westeros.

Maegor tornou-se rei após a morte de seu irmão, Aenys I Targaryen. Aenys foi um rei menos assertivo, e seu reinado foi cheio de rebeliões e conflitos internos. A morte de Aenys e a ineficácia de seu filho, Aegon, para manter a ordem levaram Maegor a tomar o trono pela força, apoiado por sua mãe. 

Seu reinado deixou uma marca indelével na história dos Targaryen e de Westeros, servindo como um exemplo das consequências de um governo baseado na brutalidade e no medo. Sua morte levou à ascensão de Jaehaerys I, cujo reinado trouxe um período de paz e prosperidade, em contraste com a tirania de Maegor.

Jaehaerys I e Questão da Sucessão

Jaehaerys I Targaryen (o Conciliador), foi o quarto rei Targaryen a governar os Sete Reinos e é um dos maiores reis da dinastia. Seu reinado, que durou 55 anos, trouxe paz, prosperidade, reformas importantes e unificação do reino.

Jaehaerys subiu ao trono após a morte de Maegor, o Cruel, com o apoio de muitos lordes e sua mãe, a Rainha Alyssa Velaryon. Ele tinha apenas 14 anos quando se tornou rei, mas, com a ajuda de sua mãe e do regente Rogar Baratheon, ele rapidamente estabeleceu seu governo.

Apesar de seu reinado bem-sucedido, a questão da sucessão tornou-se um problema complexo e, eventualmente, trágico. Jaehaerys e Alysanne tiveram vários filhos, mas muitos morreram jovens ou sem herdeiros. Isso levou a uma série de decisões difíceis sobre quem deveria ser o próximo na linha de sucessão, plantando as sementes do que seria a Dança dos Dragões.

Com seus filhos herdeiros naturais mortos, Jaehaerys precisava escolher um sucessor entre seus netos. Aegon, era o primeiro filho e pai de Rhaena. Baelon, era o segundo filho e pai de Viserys e Daemon. Os dois faleceram antes do pai. 

Para resolver a questão da sucessão de uma vez por todas, Jaehaerys convocou o Grande Conselho de 101 d.C., onde os lordes de Westeros decidiram entre os vários pretendentes ao trono. Eles escolheram Viserys, primeiramente sobre Rhaena e depois  sobre Laenor Velaryon, seu filho junto com o Serpente Marinha (Lord Corlys Velaryon). 

Um dos resultados do Conselho de 101 d.C. era o costume estabelecido que não só o trono não poderia ser ocupado por uma mulher, como não poderia passar de uma mulher para seus herdeiros e essa questão seria decisiva para iniciar a Dança dos Dragões. 

Viserys I Targaryen

Viserys I Targaryen foi o quinto rei a ocupar o Trono de Ferro, governando os Sete Reinos durante um período de relativa paz e prosperidade. Ascendeu ao trono após a morte de seu avô, Jaehaerys I, cuja longa e sábia administração havia consolidado a força da dinastia Targaryen.

Viserys era conhecido por sua natureza afável e sua habilidade em manter a paz entre as grandes casas de Westeros. Seu reinado foi inicialmente pacífico, marcado por uma prosperidade econômica e relativa harmonia. Viserys, no entanto, enfrentou desafios internos, principalmente relacionados à sucessão. Ele havia nomeado sua filha, Rhaenyra Targaryen, como sua herdeira, uma decisão sem precedentes que visava estabelecer a primeira rainha reinante de Westeros. Rhaenyra foi criada e treinada para governar, recebendo o apoio de muitos dos lordes de Westeros.

A paz do reinado de Viserys foi abalada pela morte de sua primeira esposa, Aemma Arryn, após a qual ele se casou com Alicent Hightower. Esse segundo casamento produziu mais filhos, incluindo Aegon II, o que complicou ainda mais a questão da sucessão. Alicent e seus aliados começaram a promover a reivindicação de Aegon ao trono, criando uma divisão profunda na corte e entre os vassalos de Viserys.

Quando Viserys morreu, a questão da sucessão explodiu em uma violenta guerra civil conhecida como a Dança dos Dragões. 

A Dança dos Dragões

A Dança dos Dragões, a devastadora guerra civil que assolou Westeros, é uma das eras mais fascinantes e trágicas da história dos Sete Reinos. Esse conflito irrompeu após a morte do rei Viserys I Targaryen, desencadeando uma luta feroz pelo Trono de Ferro entre sua filha Rhaenyra Targaryen e seu filho Aegon II Targaryen. O reino foi dividido, com famílias nobres e dragões se enfrentando em uma batalha que mudou para sempre o destino da Casa Targaryen.

Toda a Dança dos Dragões é narrada pelo ponto de vista de 3 personagens bem diferentes: cogumelo, um bobo da corte, o septão Eustace (clérigo), o grande meistre Munkun, além do próprio arquimeistre Gyldayn que escreve o livro anos depois dos acontecimentos. 

Rhaenyra Targaryen e os Pretos

Rhaenyra Targaryen, a princesa de Pedra do Dragão, foi nomeada herdeira por seu pai, Viserys I. Treinada para governar e dotada de uma determinação feroz, ela tinha uma reivindicação legítima ao trono. Com seus filhos, Jacaerys, Lucerys e Joffrey Velaryon, ela liderou a facção conhecida como os negros. Seus apoiadores incluíam algumas das casas mais poderosas de Westeros, que acreditavam na promessa de Viserys de ver uma mulher sentar no Trono de Ferro.

Aegon II Targaryen e os Verdes

Do outro lado estava Aegon II Targaryen, proclamado rei por sua mãe, Alicent Hightower, e seus aliados após a morte de Viserys. Alicent, uma figura central na facção dos verdes, estava determinada a ver seu filho no trono, acreditando que o reino precisava de um rei forte e que uma mulher no trono era algo impossível. Aegon, apoiado por seus irmãos Aemond e Daeron Targaryen, liderou uma facção igualmente determinada a garantir que a linha masculina dos Targaryen prevalecesse.

Principais Apoiadores

Os verdes e os negros se enfrentaram em inúmeras batalhas, com os dragões desempenhando um papel crucial na guerra. As Casas Velaryon, Stark, Arryn e Baratheon estavam entre os principais apoiadores dos pretos, enquanto os verdes contavam com o apoio das Casas Hightower, Lannister e outros poderosos senhores do sul. Cada batalha era feroz, e a destruição causada pelos dragões foi imensa, devastando cidades e campos de batalha por todo o continente.

Batalha de Pouso da Garra

Entre os eventos mais notáveis da Dança dos Dragões, a Batalha de Pouso da Garra foi um ponto de virada significativo. Daemon Targaryen, marido de Rhaenyra e um de seus principais generais, enfrentou Aemond Targaryen em uma batalha épica nos céus sobre Harrenhal. Ambos os dragões e seus cavaleiros caíram, marcando um dos momentos mais trágicos e memoráveis da guerra.

O Fim da Dança dos Dragões

A guerra finalmente chegou ao fim, mas não sem um custo terrível. Aegon II foi envenenado, e Rhaenyra, traída e capturada, encontrou um fim trágico, sendo alimentada ao dragão de seu meio-irmão. O reino, devastado pela guerra, viu a ascensão de Aegon III, filho de Rhaenyra, ao trono. A paz foi restaurada, mas a Dança dos Dragões deixou uma marca definitiva na história de Westeros.

Aegon III e o Fim dos Dragões

Após a devastadora Dança dos Dragões, Aegon III, também conhecido como o Rei Arrasado, ascendeu ao Trono de Ferro. No entanto, ele era apenas um menino quando se tornou rei, o que levou à formação de um Conselho de Regentes para governar em seu nome até que ele atingisse a maioridade. Este período foi marcado por esforços de reconstrução e tentativas de estabilizar um reino devastado pela guerra civil.

Um dos eventos mais curiosos e breves deste período de regência foi o chamado “Governo de Seis Dias de Stark”. Durante um breve intervalo de transição de poder, Lorde Cregan Stark, o Senhor de Winterfell, assumiu a regência por um período extremamente curto.

A regência de Aegon III foi um período de recuperação lenta e reconstrução. O jovem rei, traumatizado pela guerra e pela morte de sua mãe Rhaenyra, era uma figura silenciosa e sombria. A influência dos regentes foi crucial para a restauração da ordem e da paz no reino. As principais prioridades incluíram a reconstrução de cidades devastadas, a restauração das forças militares e a estabilização econômica.

Aegon III também ficou conhecido por seu ódio aos dragões, resultado de suas experiências traumáticas durante a guerra civil. Sob seu reinado, os dragões começaram a desaparecer, marcando o início do fim da era dos dragões em Westeros.

Avaliação da Obra

fogo e sangue game of thrones

Quando se avalia um desses livros de alta fantasia, há dois pontos a serem considerados. O primeiro é que ele complementa de uma forma muito importante os eventos de Guerra dos Tronos e explica muito da formação do universo de Martin. Assim, os mais empolgados com essa história vão gostar. 

Mas também é importante ressaltar que essa obra não é feita no formato de romance, o que complica muito a leitura.  Afinal, o livro é um relato histórico, ou seja, seria quase como um Eric Hobsbawm do mundo de Crônicas de Gelo e Fogo escrevendo a obra. Ou ainda, em uma comparação grosseira, é como se fosse o que Silmarillion é para o universo de Senhor dos Anéis. 

Portanto, é um bom livro e minha nota para ele é 3. Mas, apesar de ser bom, não se compara em qualidade com os livros originais da série. 

Além disso, não recomendo o livro de forma alguma para quem não é íntimo desse universo. Se for o seu caso, você irá se frustrar. 

Conclusão da Resenha de Fogo e Sangue

Concluo essa resenha de Fogo e Sangue ressaltando que essa é uma obra intrigante e detalhada que expande significativamente o universo de Westeros, oferecendo aos fãs uma visão aprofundada da história da Casa Targaryen. Para aqueles que já estão imersos nas Crônicas de Gelo e Fogo, o livro é uma adição valiosa, revelando os antecedentes e eventos que moldaram os Sete Reinos. A narrativa em forma de crônica histórica, embora enriquecedora, pode ser desafiadora para alguns leitores devido à sua estrutura não tradicional.

Assim, a obra exige um pouco paciência e um interesse genuíno pelos detalhes históricos do mundo criado por George R. R. Martin. Para os leitores que não estão familiarizados com a complexidade de Westeros, Fogo e Sangue pode não ser a melhor introdução. 

Avaliação:

Detalhes da edição brasileira:

  • Título: Fogo & Sangue – Volume 1
  • Autor: George R. R. Martin
  • Tradução: Regiane Winarski
  • Editora: Suma
  • Número de páginas: 664 páginas
  • Data da publicação: 20 novembro 2018

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