Octavia Butler. Esse é o nome da autora clássica que escreveu os livros que serão comentados aqui hoje. Um nome sólido no mundo literário, que atravessou o século passado deixando seu forte legado com obras inteligentes e revolucionárias. Neste texto, você irá conferir a ordem dos livros de Semente da Terra para entender de uma vez por todas essa obra.
Octavia foi uma das escritoras de livros de ficção científica mais conceituados que passaram pela literatura, tendo recebido inúmeros prêmios importantíssimos, como Nebula, Hugo e Locus, além do prestigiosos prêmio americano MacArthur Fellowship, que é entregue profissionais que se destacam em suas áreas.
A autora nasceu em 1947 e faleceu em 2006. Durante sua vida, através de seus trabalhos, foi extremamente importante na luta em diversas questões sociais delicadas, como os problemas com relação a etnias e raças, por exemplo.
Aliás, nesta duologia, Semente da Terra, Octavia entrega uma ficção palpitante e que, com o toque da inteligência e perspicácia da escritora, se aproxima da realidade que vivemos em muitos aspectos.
A criação pode servir de alerta para que cuidemos que nossa sociedade não caia em regimes e sistemas lamentavelmente parecidos. Ela nos alerta contra o totalitarismo e a intolerância, além das maldades escondidas por trás de pessoas que usam a religião para alcançar seus objetivos doentios.
Na verdade, muitos aspectos, em menor escala, podem ser contemplados no nosso dia a dia se olharmos em volta com um olhar tão crítico quanto o de Octavia Butler. E certamente as leituras que serão apresentadas aqui irão aguçar seu senso crítico!
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1 – A Parábola do Semeador
A Parábola do Semeador de Octavia Butler é o primeiro livro da duologia Semente da Terra. Tendo os Estados Unidos como cenário, a narrativa mergulha em um futuro desolado, onde a civilização está à beira do colapso.
O mundo criado pela autora tem um cenário árido, dominado por uma seca implacável que levou à escassez de recursos essenciais, e onde o governo negligente e órgãos corruptos do Estado conferiram às ruas um cenário caótico, em que a violência está descontrolada.
Cada vez mais, o aspecto anárquico vem tomando forma! Nesse cenário perigoso, conhecemos Lauren Olamina, uma jovem que vive em um bairro murado, onde os moradores lutam para sobreviver e se proteger.
Lauren carrega consigo um segredo: uma condição rara chamada hiperempatia, resultado da dependência de drogas de sua falecida mãe. Isso significa que ela sente intensamente as emoções das pessoas ao seu redor, o que a torna ainda mais vulnerável em um mundo repleto de sofrimento.
A protagonista guia a narrativa ao descrever sua vida em meio a vizinhança, incluindo as pregações de seu pai — um pastor muito bem visto no bairro —, as aulas que ajuda a ministrar e as missões perigosas fora dos muros.
A motivação central de Lauren é sua fé em uma nova religião que ela chama de “Semente da Terra”. Essa fé a conduz a acreditar que “Deus é mudança”, e essa filosofia a orienta na busca por meios de sobrevivência e adaptação em um mundo cruel.
Então, em uma noite de destruição enfeitada pelo brilho do fogo, a jovem Lauren perde tudo que tinha e, então, se entrega em uma desventura pelas estradas do distópico Estados Unidos.
Mas o que era para ser apenas uma fuga com o único objetivo de sobreviver, se torna algo muito mais grandioso. O coração justo e sedento por mudança de Olamina a leva para um destino glorioso, onde a construção de um forte legado de esperança enche de água os olhos de qualquer leitor.
2 – A Parábola dos Talentos
A Parábola dos Talentos é o segundo livro na ordem de Semente da Terra. Após os últimos desdobramentos da narrativa, quando Lauren estabeleceu a comunidade de Bolota, a protagonista se depara com uma ameaça preocupante. Um líder populista, pregando veementemente o termo “America forte”, pode destruir tudo que ela construiu até aqui.
Nos últimos 5 anos, Lauren tem vivido sua vida amparada pela comunidade e pela religião — Semente da Terra — que ela mesma criou. Seu legado vem crescendo bastante ao decorrer dos anos.
No entanto, o país está passando por um processo radical de mudança e pode ser um caso de vida ou morte para os adeptos da Semente da Terra. Assim, agora casada e com uma filha, o momento vivido por Lauren não poderia ser mais delicado.
Andrew Steele Jarret é a face do grande problema que permeia as páginas deste segundo livro. Candidato à presidência, o político vem ganhando cada vez mais força por entre a opinião pública, pois sua promessa de “tornar a América grande novamente” toca pretensiosamente nos corações frágeis dos eleitores.
Extremamente apelativo, Andrew traz de volta com muita força valores distorcidos do Cristianismo e uma linha tradicional extremamente preocupante. Desta forma, um fanatismo religioso começa a se impregnar nas ruas e isso parece significar o fim da tolerância, não apenas com relação às crenças, mas também o fim da busca pela igualdade racial e de gênero.
Os doutrinadores estão realmente dispostos a ir ao extremo para construir a terrível América que imaginam e o uso da violência vêm junto à ignorância de alguns e à maldade de outros.
Um contexto terrível, onde a segurança da protagonista e de sua família, que nunca foi garantida, está por um fio. Lauren, com seus fortes e justos princípios, criou um legado grandioso e, até agora, resistiu grandes desafios. Mas será que pode resistir mais um?
Conclusão
As problemáticas da duologia Semente da Terra são mais reais do que gostaríamos. A autora é realmente muito perspicaz ao ligar a ficção às questões sociais que vivemos.
Algo que torna a obra ainda mais notável é a maneira como Octavia Butler aborda a religião e a fé. Em contraste com a crítica frequente à religião na ficção científica, a autora apresenta uma visão equilibrada e positiva do papel da religião como uma força motriz para a sobrevivência e a transformação.
Pois, apesar de a trama do segundo livro ser guiada pelo fanatismo religioso, Octavia também apresenta a fé como fonte de esperança e de motivo para continuar.
Quanto às críticas políticas e sociais, a autora utiliza sua escrita como uma lança afiada.
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