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O Médico e o Monstro: O Yin Yang Literário [Resenha]

O Médico e o Monstro de Robert Louis Stevenson é um livro de ficção científica publicado em 1886, cuja história gira em torno do Dr. Henry Jekyll, um respeitado médico londrino, e sua curiosa ligação com o sr. Edward Hyde, um homem violento e sem escrúpulos. Tal ligação é notada por um amigo próximo de Jekyll, o advogado Gabriel Utterson, que começa a levantar suspeitas sobre a sua natureza. Neste texto, vamos fazer uma resenha de O Médico e O Monstro e destrinchar os principais aspectos da obra!

O livro explora temas como dualidade da natureza humana, o bem e o mal, a repressão e a libertação de impulsos reprimidos. Além disso, levanta questões sobre a ética na ciência e na medicina. A história teve grande impacto na cultura popular, inspirando diversas adaptações para o cinema, teatro e televisão, bem como influenciando outras obras literárias e artísticas.

O autor do conto, Robert Louis Stevenson (1850-1894), é um dos grandes nomes da literatura inglesa. De origem escocesa, tornou-se escritor profissional após adquirir uma condição respiratória grave que o impedia de morar no clima gélido da Britânia, fixando residência em Samoa. Como escritor, escreveu vários livros de aventuras, em especial o famoso A Ilha do Tesouro, e também vários contos para publicação especial com ambientação no gótico. Entre eles, O Ladrão de Cadáveres e O Médico e o Monstro, sobre o qual essa resenha volta sua análise. 

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Edição da Penguin Companhia 

Como a obra de Stevenson já caiu em domínio público, ela pode ser reproduzida por qualquer pessoa ou editora. Dito isto, a edição utilizada para escrita desta resenha foi a edição da PENGUIN COMPANHIA de 2015 sob o selo de “Clássicos”. Ela é uma brochura ao estilo livro de bolso, um pouco maior, mas é nos materiais extras que se destaca. Além das notas que explicam pontos sobre a história como a geografia e o tempo nos quais a história se passa, ela também conta com dois textos de apoio. 

O primeiro texto é um prefácio de Luiz Alfredo Garcia-Roza, professor e escritor. Ele traça paralelos entre a narrativa de Stevenson e histórias góticas da época. Também relaciona com os estudos da psicanálise Freudiana e outros autores da psicologia. O segundo texto é um artigo do editor dos PEGUIN CLASSICS, PhD Robert Mighall. Ele analisa o conto em si e suas entrelinhas na época que foi escrito. O artigo deve ser lido preferencialmente após a leitura do conto. Ambos os textos oferecem uma boa visão sobre a relevância da obra de Stevenson.

Londres em Algum Ano do Século XIX

Mergulhando na narrativa de uma vez, vemos uma Londres do século XIX. Não há uma especificação do ano, mas algumas dicas indicam esse período. Tudo começa com um passeio entre o taciturno Sr. Utterson e seu primo em uma noite de domingo. Durante o passeio, Utterson toma conhecimento das ações questionáveis de um tal Edward Hyde. Já em sua residência, Utterson faz a ligação entre esse cruel homem e seu amigo, o respeitável Dr. Jekyll. 

Sendo um contemporâneo de Auguste Dupin, Utterson será o representante do leitor tentando montar esse quebra cabeça dessa relação improvável. Embora não explicite seus motivos para investigar, dois principais podem ser percebidos. Primeiro, o possível princípio de depressão devido à solidão que sentia, agravada pela ausência de seus poucos amigos, especialmente o médico. Segundo, o medo de que haja laços vergonhosos ligando Jekyll e Hyde.

Toda a narrativa traz essa questão sobre a moralidade questionável dos seus personagens. O primo de Utterson, o sr. Enfield, tem uma máxima que tenta evitar a investigação em demasia (quanto mais esquisito parece, menos eu pergunto), quase dizendo “não pergunte do meu que não pergunto do seu”. Excetuando o próprio narrador –

que não dá indícios disso, todos os personagens vão insinuar ter algum tipo de segredo escondido, principalmente o dr. Henry Jekyll. 

Yang Descobrindo Seu Yin

A relação entre Jekyll e Hyde permanece cercada de mistérios durante toda a narrativa, com algumas respostas para estes, uma mais imoral que a outra. Contudo, o ponto principal dessa relação não seria seu motivo (que é revelado ao final do conto), e sim as similaridades e, principalmente, as diferenças entre esses dois personagens. 

A respeitabilidade e moral religiosa inabaláveis de Henry Jekyll, além é claro que sua aparência que agradam os padrões da época, parecem estar no outro lado do espectro no qual Edward Hyde, com sua aparência “desagradável” e modos cruéis, está. Porém, existe um Hyde dentro de Jekyll (literalmente), quando o bom doutor sente vontades mundanas 

que não combinariam com sua imagem; assim como existe um Jekyll dentro do Hyde, quando o último se vê entre os integrantes do ciclo social tende a se portar com mais educação do quando está a sós com uma pessoa. 

E, embora muitas vezes o texto ressalte a dicotomia desses dois personagens, em muitas passagens, Jekyll fala como se ele soubesse e participasse das ações de Hyde diretamente, muito embora não tenhamos o ponto de vista de Hyde para saber se ele está ciente das ações do doutor (mesmo que em uma passagem dê a entender que sim, não se tem a confirmação). Talvez Hyde odiasse Jekyll, mas corria para ele sempre que precisava de auxílio; ao passo que Jekyll caia em tentação ao recorrer a Hyde; em todo caso, uma vez ligados, um precisava do outro. 

A Influência do Conto

o medico e o monstro

Mesmo sendo um conto rápido, é importante ressaltar nessa resenha de O Médico e o Monstro que há diversos aspectos que o fazem ele ser uma das histórias de Stevenson mais lembradas até os dias atuais. A forma de aproximar o estilo gótico da vida urbana, tirando ele dos lugares mais afastados e distantes, fez com a narrativa fosse ainda mais assustadora por acontecer muito perto, em alguma rua da movimentada Londres. 

Além dessa primeira camada de investigação com elementos do terror psicológico, é possível ler uma crítica a sociedade de aparências que se vivia naquele tempo. Os personagens todos parecem esconder algum tipo de segredo que não é compatível com a imagem que construíram para sociedade, precisando assim recorrer a subterfúgios para praticá-los ou simplesmente fingir que todos ali têm sua vida dupla. Tal crítica pode ser uma leitura da criação religiosa de Stevenson. 

Conclusão da Resenha de O Médico e O Monstro 

O mistério central que envolve o Dr. Jekyll e o sr. Hyde pode ser um dos pontos de viradas mais conhecidos da literatura, mas as leituras que propõe sobre a vida de aparências e a dicotomia do ser humano ainda permanecem atuais. Sua influência se estende até hoje para criação de histórias famosas, como Psicose, e personagens dicotômicos – como Gollum de O Senhor dos Anéis. Stevenson, conhecendo ou não, se utilizou de conceito oriental em seu conto, no qual os antagonistas se complementam.

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