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O Dragão Renascido (Resenha) – Volume 3 de A Roda do Tempo

Se há algo que cativa os leitores e os transporta para mundos repletos de magia, intrigas e personagens inesquecíveis, é a capacidade de uma saga literária em evoluir e surpreender a cada novo capítulo. A Roda do Tempo, escrita por Robert Jordan, é um exemplo notável desse tipo de narrativa. Neste texto, vamos fazer uma resenha de O Dragão Renascido, o terceiro volume da saga. Nele, somos levados a um mergulho profundo nas complexidades do enredo, descobrindo novas facetas dos personagens que amamos e enfrentando reviravoltas surpreendentes.

Ao iniciar a leitura, a expectativa natural era de que o terceiro volume da saga se concentrasse intensamente no protagonista, Rand Al’Thor. Afinal, ele é o Dragão Renascido. 

Logo após os eventos de A Grande Caçada (cuja história foi contada na segunda temporada da adaptação do Prime Video), Rand abraça sua jornada, decidindo testar uma antiga profecia em Tear. A busca pela verdade sobre seu destino o leva em direção a Callandor, a Espada Que Não Pode Ser Tocada. Este momento crucial promete não apenas validar sua identidade como o Dragão Renascido, mas também moldar o curso do mundo.

No entanto, somos surpreendidos, pois Rand, embora seja o fio condutor da trama, não assume o protagonismo. A sua participação é bem tímida, aparecendo apenas em momentos pontuais da trama. 

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A Inusitada Decisão Narrativa de Jordan

Robert Jordan faz uma escolha audaciosa ao não centrar toda a história em Rand. O personagem, que tem sua jornada marcada por uma crescente desafio de lidar com o poder único, surpreende ao desaparecer do livro após uma breve participação inicial. Em vez de seguir Rand diretamente, somos convidados a acompanhar a história à distância, observando as repercussões de suas ações por meio de outros personagens.

A Espada e o Destino Entrelaçado

Logo no início do livro é possível estabelecer inspiração imensa de Jordan na lenda do Rei Arthur. O motivo disso é que é introduzida na história a ideia de uma arma mágica, associada ao destino do herói e ao equilíbrio entre o bem e o mal. 

Excalibur, a lendária espada do Rei Arthur, é um símbolo de poder, honra e destino. Sua extração da pedra e sua atribuição a Arthur o identificam como o verdadeiro rei destinado a governar. Da mesma forma, em A Roda do Tempo, a espada Callandor desempenha um papel crucial. Rand, como o Dragão Renascido, é o único que pode empunhá-la e, assim, seu destino se entrelaça com o artefato de maneira intrínseca. É essa busca que vai orientar toda a trama do livro, muito embora sem seguirmos ela pelos olhos de Rand, mas sim dos outros personagens, como falei anteriormente. 

A espada, seja Excalibur ou Callandor, simboliza não apenas o poder físico, mas também a responsabilidade e a carga do destino que o herói deve carregar.

Diversidade de Personagens e Núcleos Narrativos

A Roda do Tempo sempre foi caracterizada pela vasta quantidade de personagens que povoam seu universo. Jordan amplia ainda mais essa diversidade no terceiro livro, explorando diferentes núcleos narrativos. Isso é algo que não dá para deixar de mencionar nessa resenha de O Dragão Renascido.

Enquanto Rand se lança em sua jornada, Perrin e Moiraine não ficam para trás. Cientes da importância de guiar e orientar o jovem Dragão Renascido, eles partem para Tear na esperança de alcançá-lo antes que ele seja consumido pela imensidão de seus próprios poderes. A dinâmica entre esses personagens se intensifica, criando uma teia complexa de destinos entrelaçados.

Paralelamente, Mat Cauthon, outro personagem central nesta intricada trama, enfrenta suas próprias provações. Levado a Tar Valon para ser Curado da mácula causada pela adaga de Shadar Logoth, Mat se vê imerso em uma cidade que, apesar de ser o coração das Aes Sedai, não está livre das sombras que se infiltram sorrateiramente. A presença de feiticeiras servindo às forças do Tenebroso coloca todos em risco, desencadeando uma trama de intriga e perigo.

Por fim, Egwene, Nynaeve e Elayne se veem diante de um desafio monumental. A traição interna, representada pelas treze mulheres fugitivas de Tar Valon que estavam a serviço do Tenebroso, destaca a vulnerabilidade da Torre Branca, tradicionalmente considerada um bastião de poder e sabedoria. Essa reviravolta na trama não apenas coloca em xeque a confiança entre as Aes Sedai, mas também intensifica a atmosfera de intriga e conspiração que permeia o mundo de A Roda do Tempo.

Perrin Aybara: Entre Lobos e Mistérios

o dragao renascido capa do livro

A narrativa de Perrin Aybara, um personagem peculiar e divertido, toma uma parcela significativa do livro. Sua história se entrelaça com a de Elyas Machera, que, assim como Perrin, possui uma ligação especial com os lobos. Esta subtrama não apenas explora a mitologia dos lobos na série, mas também revela um espelhamento interessante com a jornada de Rand.

Este livro oferece aos leitores uma oportunidade de explorar mais profundamente a personalidade de Perrin, seus pensamentos e emoções, proporcionando uma conexão mais rica com o personagem. A evolução de suas habilidades especiais, como a ligação com os lobos e sua maestria na forja, destaca-o como uma figura única e essencial para os eventos que se desdobram.

A relação próxima entre Perrin e Moiraine, uma Aes Sedai fundamental na busca do Dragão Renascido, resulta em uma colaboração significativa. Juntos, eles seguem para Tear em busca de Rand al’Thor, contribuindo para dinâmicas interessantes entre os personagens. Perrin, assim como outros protagonistas, está intrinsecamente ligado ao Padrão da Roda do Tempo, suas escolhas moldando o destino de Rand.

Além disso, a introdução e interação de Perrin com o povo Aiel são elementos-chave. Essa nação guerreira desempenha um papel vital nas profecias e no contexto mais amplo da série. Através de Perrin, os leitores começam a compreender melhor a cultura e os costumes dos Aiel, expandindo a riqueza do mundo criado por Robert Jordan.

O Povo Aiel

A interação com o Povo Aiel começa quando Perrin Aybara se depara com essa nação guerreira em suas viagens em direção a Tear. Os Aiel são conhecidos como o “Povo do Deserto”, e sua sociedade é marcada por uma cultura rigorosa e códigos de conduta únicos. A maneira como vivem, suas tradições e seu forte código de honra são explorados de maneira detalhada, enriquecendo a narrativa.

A relação entre Perrin e os Aiel é complexa, já que os Aiel têm profecias próprias e estão intimamente ligados às profecias sobre o Dragão Renascido. A compreensão dessas profecias e como elas se relacionam com a busca de Rand al’Thor adiciona camadas intrigantes à trama.

Além disso, a presença dos Aiel acrescenta uma dimensão geopolítica ao enredo, destacando a diversidade e as tensões entre as diversas nações e grupos que coexistem no universo da série. Suas habilidades de combate excepcionais e conhecimento do deserto também se revelam valiosos em certas situações, contribuindo para os desafios enfrentados pelos protagonistas.

Investigação e Mistério

O núcleo das protagonistas que estão em Tar Valon (Egwene, Nynaeve e Elayne), por sua vez, proporciona uma experiência de leitura diferente. Envolvidas em treinamento e intrigas, elas se veem em uma trama investigativa para descobrir a identidade da misteriosa Ajah Negra infiltrada na Torre Branca de Tar Valon. Essa mudança de tom, introduzindo elementos de suspense, adiciona camadas intrigantes à narrativa.

A busca realizada por essas três jovens Aes Sedai em formação é um mergulho nas sombras que se escondem por trás da fachada respeitável da Torre Branca. Enquanto buscam desmascarar as treze traidoras, elas se deparam com a complexidade política e os perigos que permeiam esse mundo de intrigas. A missão destaca não apenas as habilidades mágicas das protagonistas, mas também sua coragem e determinação em enfrentar ameaças que vão além dos perigos tradicionais enfrentados por noviças.

Mat e sua Sorte Inusitada

Mat, que passou boa parte da história até aqui tentando se livrar da mácula da adaga de Shadar Logoth começa a assumir cada vez mais um lugar de protagonismo. 

Agora, ele é aquele que tocou a Trombeta de Valere e, portanto, passa a ser muito importante para vários núcleos da trama. 

Aos poucos, também descobrimos este personagem passa a ter uma sorte extraordinária que o acompanha. Fica aqui a dúvida se a sorte foi um colateral da cura realizada pelas Aes Sedai, ou reside no simples fato de ele também ser ta’veren

Os Abandonados

É importante ressaltar nessa resenha de O Dragão Renascido que novos Abandonados são introduzidos, e seus planos sinistros começam a se desenrolar. Be’lal, por exemplo, é um dos Abandonados que assume um papel proeminente. Ele emerge como um antagonista formidável, motivado por sua busca de poder e influência. Be’lal está particularmente interessado em artefatos poderosos, como a Espada Que Não Pode Ser Tocada, conhecida como Callandor, que ele acredita que pode usar para aumentar seu próprio poder e servir aos propósitos do Tenebroso.e sua luta contra Moiraine e Rand é um dos momentos de destaque no livro.

Outro Abandonado importante a ser introduzido no livro é Rahvin. Aproveitando-se dos tumultos que eclodiram na cidade de Caemyln, ele adota o nome Lord Gaebril e se tornou o líder da facção que apoiava a rainha Morgase Trakand (mãe de Elayne). A partir desse momento, demonstrou grande habilidade em suprimir os tumultos e, como recompensa por seus serviços, Morgase o promoveu ao antigo posto de conselheiro-chefe de Elaida a’Roihan. No entanto, por trás dessa fachada de lealdade, ele estava orquestrando uma trama muito mais sinistra. Usando a habilidade de Compulsão, um tipo de controle mental, ele conseguiu convencer Morgase a aceitá-lo como seu amante e consorte. Esse controle sobre a rainha lhe proporcionou uma influência considerável na estrutura política do palácio de Caemlyn, permitindo-lhe manipular eventos de maneira perigosa e desestabilizadora.

Por fim, há um papel importante na trama destinado a Lanfear (que já apareceu no livro anterior com outro nome). Ela é uma das personagens mais enigmáticas e poderosas da série, e sua presença acrescenta uma camada adicional de intriga à história.

Convergência Dos Núcleos 

Ao explorar diferentes núcleos narrativos, o livro nos lembra da complexa teia de destinos entrelaçados que é a Roda do Tempo. Personagens, aparentemente desconectados, têm seus destinos convergindo de maneiras inesperadas, sugerindo um plano maior em ação. A interconexão dos eventos destaca a habilidade de Jordan em criar uma trama intricada e coesa.

A decisão de Robert Jordan de afastar Rand do centro da narrativa é corajosa, porém pode causar muita desconfiança do leitor. A desaparição temporária do Dragão Renascido não apenas mantém os leitores em suspense, mas também simboliza a natureza imprevisível da profecia e do destino. No entanto, esse suspense muitas vezes é acompanhando de uma evolução lenta da trama, o que torna a obra um pouco mais maçante, perdendo um pouco as características dinâmicas que um bom livro de aventura geralmente tem. 

Sentimentos Mistos

E aqui há uma dualidade: ao mesmo tempo que é clara a chegada de elementos importantíssimos para a saga, além da prova viva de que a série sobrevive coesa e praticamente sem percalços sem o protagonismo do seu herói, há alguns momentos de tédio no livro e há a repetição da mesma fórmula utilizada em todos os outros volumes: algo acontece que faz o grupo se dividir em grupos menores, mas todos eles acabam misteriosamente indo parar no mesmo local para um grand-finale de clímax avassalador – o mesmo que vimos em O Olho do Mundo e na Grande Caçada. 

Parelelo a isso, a presença de Callandor, a espada do Dragão Renascido, não me parece apenas ter sido inspirada na lenda do Rei Arthur, mas em alguns momentos parece a mesma história com alguns elementos alterados e isso me incomodou um pouco. Portanto, embora reconheça os méritos da obra, a minha nota é 3, sendo a menor avaliação entre os livros da saga até aqui, mas continuo recomendando a leitura. 

Considerações Finais da Resenha de O Dragão Renascido

Concluímos nossa resenha de O Dragão Renascido ressaltando que essa é uma obra que desafia as convenções dos livros de fantasia. Ao descentralizar o protagonismo, Robert Jordan enriquece sua narrativa, oferecendo uma visão mais ampla do mundo que criou. Os diversos núcleos narrativos, repletos de personagens carismáticos e tramas envolventes, garantem que o leitor permaneça totalmente imerso na história.

À medida que nos despedimos deste terceiro capítulo da saga, somos deixados ansiosos pelas possibilidades que o futuro reserva. Como Rand lidará com seu crescente poder e sua conexão com a loucura? Que desafios aguardam Perrin, Mat, Egwene, Nynaeve e Elayne? Qual será a importância do povo Aiel daqui para frente? 

Em A Roda do Tempo: O Dragão Renascido, Robert Jordan continua a tecer uma trama épica, repleta de reviravoltas inesperadas e personagens inesquecíveis. Enquanto a Roda do Tempo gira, somos convidados a embarcar em uma jornada emocionante, onde o destino de todos está entrelaçado em uma complexa tapeçaria de eventos.

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