Neste texto você vai ver uma resenha de O Sorriso da Hiena de Gustavo Ávila.
Todos nós temos uma disposição natural para julgar nosso próprio caráter e o caráter alheio como sendo bom ou mau. Hoje, é consenso que ninguém é completamente um dos dois extremos, que o que há dentro de cada um de nós é uma mistura e que nossas decisões vão depender muito mais do contexto da oportunidade. Assim, independente do grupo social em que nascemos e em qual cultura somos formados, temos essa capacidade de distinguir o que é bom do que é mau. Aprendemos ao longo de nosso crescimento os conceitos éticos, conceitos esses que têm como intuito reger nossa mente durante toda a vida para saber tomar a decisão certa independente do contexto. Mas e quando fazemos o mal com a intenção de um bem posterior, será que há justificativa para o mal mesmo que a intenção seja fazer o bem?
Essa é a premissa do autor Gustavo Ávila em O sorriso da hiena. Um intrigante suspense psicológico, best-seller da literatura policial nacional. Assim, essa obra nos leva a pensar a respeito de nossos próprios conceitos de bem e mal, instigando uma reflexão mais abrangente do que acreditamos ser o certo. Uma família, um trauma, um estudioso do comportamento humano, uma proposta e uma série de crimes para o detetive Arthur Veiga, e sua meticulosa forma de analisar os fatos.
➜ Este texto é uma parceria entre a Rebeca Lima, que dá diversas dicas de livros em seu instagram @Becalim_ e o blog Os Melhores Livros. Antes de continuarmos nossa resenha de O Sorriso da Hiena, gostaria de pedir que se você gosta de nossos conteúdos, siga-nos também em nossas outras redes, como canal no Youtube, Instagram e Telegram.
Querendo Transformar o Mundo
Começamos a nossa resenha de O Sorriso da Hiena com William. Ele é um psicólogo infantil que tem o nobre desejo de transformar o mundo em um lugar melhor. Sempre foi um estudante dedicado e havia se tornado um profissional ainda mais. Em sua tese de doutorado realizou um estudo feito a partir da análise de casos reais de crianças que passaram por experiências dolorosas e traumáticas e como possivelmente isso iria afetar seu crescimento e fase adulta. Um trabalho que lhe proporcionou grande notoriedade na área acadêmica, publicado como livro denominado: “Como se tornam adultos”. Ele acredita que a psicologia infantil é capaz de encontrar respostas para as dificuldades humanas, evitando que se tornem adultos problemáticos, de má índole.
Para isso, oferece seus serviços e acompanhamento psicológico de forma gratuita a crianças que os pais não têm condições de pagar. William é um dos maiores psicólogos, mas isso nunca bastou pra ele, que convivia com a sensação de que o que fazia não era suficiente e seu estudo notável, não passava de estudo, sendo mera teoria, sem dados e estudos cientificamente expressivos. Era como se estivesse vivendo por um propósito e não conseguisse cumpri-lo.
A Tragédia de David
Do outro lado estava David, que há muito tempo atrás tinha sido uma criança doce, inocente, cheia de expectativa com a vida, mas que certo dia presencia o brutal e sangrento assassinato de seus pais; que imobilizados em cadeiras dispostas à sua frente nada podiam fazer para se defender ou defender o filho. Ele também nada poderia fazer, já que amarrado e amordaçado não conseguia gritar, apenas chorar silenciosamente vigiando cada passo do assassino. Seus pais, pessoas que ele julgava boas, não eram do tipo que davam motivos para que alguém pudesse pensar em feri-los, o que foi um choque para ele que teve que lidar cedo com a injustiça e a perda.
Como é de se imaginar, David foi morar com seus parentes mais próximos, os tios, que não eram tão bons para ele quanto seus pais, de forma que ele nunca soube lidar com o trauma e não entendia o por que de o assassino tê-lo deixado viver.
Conforme David ia crescendo, crescia sem saber administrar a dor da perda, acabava metendo-se sempre em graves problemas, envolvia-se com coisas que normalmente crianças de sua idade jamais teriam disposição para fazer. Por causa de seu comportamento teve de ser enviado para um reformatório juvenil, onde não aprendeu a respeitar pessoas, mas sim a dor e o castigo, como se transferi-la ao outro fosse o certo a fazer. Quanto mais pessoas feria não era alívio que encontrava, pelo contrário era uma dor maior ainda.
Reformatório
pesar das más referências que encontrou no reformatório, conheceu um senhor que via um futuro bom em todos os meninos e que enxergava uma saída mesmo para ele. O senhor o estimulava a fazer coisas úteis com seu tempo, como ler e estudar; foi então em um desses momentos de estudo e leitura que encontrou o livro do psicólogo Dr. Willian, “Como se tornam adultos”.
David percebeu que poderia enfim fazer algo com sua vida,e que poderia dar ao estudo do Dr. Willian exatamente o que ele precisava: fatos concretos. Casos reais que pudesse estudar e acompanhar os resultados. Começou a estudar uma forma de o fazer, as pessoas que deveria escolher e que seriam úteis para o seu projeto. Decidiu que deveriam ser cinco famílias de regiões diferentes da cidade, que tivessem apenas um filho ou filha de oito anos. Cinco assassinatos idênticos aos que presenciou em sua infância e uma máscara de cartolina em tom de preto e branco.
O Detetive
Outro personagem importante a ser mencionado na nossa resenha de O Sorriso da Hiena é Artur Veiga, um detetive que tem um senso de profissionalismo inquestionável. Responsável pela resolução de vários casos importantes, um que ganhou até a atenção e reconhecimento da mídia.
Foi diagnosticado aos 10 anos com síndrome de Asperger, uma espécie de autismo que não causa nenhum tipo de atraso no desenvolvimento intelectual, mas o forma com algumas particularidades, como por exemplo a incapacidade de compreender ironias e piadas e interpretar tudo que lhe era dito, ao pé da letra.
Devido à sua condição, ele encontrava bastante dificuldade em interações sociais e em interpretar emoções alheias. Tendo o ímpeto de sempre falar a verdade, com a exatidão que lhe vêm à mente, algo que incomoda bastante as pessoas ao seu redor, que vêem o ato como arrogante e rude. Mas Bete, sua única amiga da vida e do trabalho, já o conhece o suficientemente bem para saber lidar com suas formas peculiares de lidar com as pessoas.
Os Crimes de David
Quando um menino de oito anos é encontrado sozinho em casa após passar dias desaparecido, vizinhos decidem invadir a casa e se deparam com a cena de uma sala ensanguentada e a criança amarrada a uma cadeira de frente para outras duas vazias. O detetive Artur Veiga recebe a missão de descobrir o que aconteceu com os pais desaparecidos do garoto. O que já não parecia ser um caso comum, torna-se cada vez ainda mais difícil à medida que rastros nenhum do responsável são encontrados dentro da casa e nem fora dela.
A princípio parece tratar-se de um sequestro, pois os corpos dos pais não são encontrados, mas com o correr dos dias Artur tem a certeza de que se trata de um assassino em série. O caso ganha notoriedade da mídia quando a mesma coisa acontece em uma segunda família onde os pais haviam acabado de adotar a pequena garotinha de oito anos, e a pressão em cima do detetive investigador e da polícia aumenta com o caos que se instaura na cidade.
Conclusão
Assim finalizamos a nossa resenha de O Sorriso da Hiena, com três contextos que não pareciam ter nada em comum, mas que estão intrinsecamente interligados. William e sua necessidade de fazer mais recebem uma proposta que o coloca cara a cara com seus próprios conceitos de bem e mal, com suas próprias convicções sobre si e sobre o mundo.
A reflexão que ele faz é a seguinte: é possível justificar o bem quando há a intenção de fazer o mal? Sua decisão não irá impactar apenas seu noivado, suas relações sociais e sua saúde mental, mas a continuidade dos assassinatos ao redor da cidade e a segurança daqueles que ele ama ou pensa amar.
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Já adicionei na Kindle… ansiosa pra ler… li apenas o começo da resenha para não ter spolier haha