Hoje você vai acompanhar aqui no blog uma resenha de O Rouxinol, um romance histórico que tem como pano de fundo a invasão alemã na França em 1940.
O livro nos mostra a Segunda Guerra Mundial na França sob um ponto de vista de duas mulheres de personalidades muito diferentes – as irmãs Vianna Mauriac e Isabelle Rossignol. Após perder a mãe ainda muito jovens, as meninas se veem sozinhas, abandonadas pelo pai que, além de não saber lidar com o luto pela perda da esposa, ainda convive com os traumas deixados pela Primeira Grande Guerra em sua vida.
“Os homens contam histórias, as mulheres seguem em frente com essas histórias. Para nós foi uma guerra nas sombras. Ninguém organizou desfiles para nós quando a guerra acabou, não nos deram medalhas nem nos mencionaram nos livros de história. Fizemos o que precisávamos fazer durante a guerra, e quando tudo acabou nós recolhemos os cacos para começar a vida de novo.”
O Rouxinol é uma das obras primas da autora americana Kristin Hannah. Lançado em 2015, foi premiado em diversos veículos de comunicação e ficou no topo do ranking dos livros mais vendidos do The New York Times por semanas. A obra também foi eleita o melhor livro do ano pelo Wall Street Journal e o melhor romance histórico pela Goodreads. A qualidade do livro é inquestionável e a narrativa nos conduz de forma brilhante por uma viagem no tempo para um dos capítulos mais tristes da nossa história.
Nele vemos uma história potente de força, perseverança e luta com uma pitada inspiradora de romance.
>>> Está gostando da nossa resenha de O Rouxinol? Esse texto é uma parceria entre o Instagram Literário @leituras_da_erica, criado por Érica Fernandes Coelho, e o blog Os Melhores Livros. Também estamos presentes no Youtube, Telegram e Instagram, nos quais você terá acesso a textos como esses e também diversos outros guias de leitura postados diariamente aqui no blog! Caso você goste desse conteúdo, poderá adquirir o livro através deste link para ajudar no crescimento do blog.
A Irmã Mais Nova
Começamos a nossa resenha de O Rouxinol falando da irmã caçula, Isabelle, que é uma jovem crítica e cheia de vida. Depois de anos sendo transferida de uma escola para outra, ela se vê a caminho de casa para enfrentar o pai e tentar convencê-lo a deixar que fique morando com ele.
Em meio a um cenário de guerra onde vê seu país cair nas mãos dos alemães, ela decide enfrentar os perigos e ser útil para seu povo. Incapaz de aceitar a dominação do inimigo procura corajosamente fazer resistência a qualquer custo, inicialmente levando informativos com notícias da guerra para seus compatriotas, já que os nazistas confiscaram todos os rádios dos moradores, e depois com missões mais ousadas de resgate a pilotos e soldados que correm risco em solo Francês.
“Naquele beijo, alguma coisa nasceu em seu coração magoado e vazio e desabrochou. Pela primeira vez, os romances de amor que lera fizeram sentido. Isabelle percebeu que a paisagem da alma de uma mulher podia mudar tão rapidamente quanto um mundo em guerra.”
Isabelle é uma protagonista forte e determinada, quase uma super heroína cujo poder é apenas o desejo de fazer o que é certo, sem se preocupar com as consequências.
A Irmã Mais Velha
Vianne, a irmã mais velha, é tranquila e responsável, assiste com tristeza a partida do marido Antoine para a guerra e fica em casa com sua filha Sophie esperando que tudo termine o mais rápido possível para que possam enfim recebê-lo de volta ao lar são e salvo.
Enquanto espera o desfecho de tudo isso vai nos mostrando o dia a dia das mulheres na guerra, a luta para conseguir os alimentos que foram se tornando escassos, as roupas que precisavam ser ajustadas ou remendadas, como enfrentaram os dias frios e a triste insegurança de ver as ruas de seu país cheias de soldados inimigos.
Além de tudo isso, Vianne se vê obrigada a aceitar a presença de um soldado alemão que passa a se aquartelar em sua casa. O desenrolar dos acontecimentos vai mudar bastante a forma como essa protagonista enfrenta os desafios que surgem em seu caminho e, com o passar das páginas eu passei a admirá-la com todo o meu coração.
O Contexto do Livro
“Se há uma coisa que aprendi nessa minha longa vida foi o seguinte: no amor, nós descobrimos quem desejamos ser; na guerra, descobrimos quem somos.”
É importante contextualizar em nossa Resenha de O Rouxinol quando se passam os acontecimentos da obra. A história começa no ano de 1995 e depois disso é narrada alternando entre o passado (Segunda Guerra Mundial de 1939 a 1944) e o “presente” (1995).
No passado, os capítulos (narrados em terceira pessoa) nos mostram os acontecimentos com foco cada hora em um das irmãs.
Quando salta para o futuro, no entanto, a narração passa a ser feita em primeira pessoa e nos apresenta memórias e questionamentos de apenas uma delas, já uma senhora, o que deixa claro ao leitor que apenas uma das irmãs sobreviveu ao martírio da guerra.
Nos vemos então nos apegando aos detalhes dos acontecimentos e de suas revelações para tentar descobrir qual delas está narrando (e é claro que essa revelação só é feita no final do livro).
Demais Personagens
Todos os personagens são muito bem construídos, o livro tem personagens secundários complexos e maravilhosos. Os detalhes sobre a guerra mostram que a autora realmente se debruçou sobre o assunto e se preocupou em apresentar um cenário sem falhas históricas. Assim, o relato que vemos é cruel, é triste, é dolorido, mas é impecável. As lágrimas que surgiram em muitos momentos ao longo da leitura vieram tanto em decorrência dos acontecimentos enfrentados pelos personagens quanto pela constatação de que pessoas reais viveram tudo isso.
Mas afinal, o que torna esse livro tão especial? Ele não é só mais um livro sobre a Segunda Guerra Mundial?
Para mim, há duas grandes diferenças: a primeira está no fato de podermos olhar para essa passagem da história sob o ponto de vista de mulheres comuns em dois pólos diferentes dos acontecimentos. O segundo está na forma intensa com que a autora conduz a narrativa e na riqueza de detalhes com que ela apresenta cada situação.
Quando pensamos na guerra geralmente lembramos das mortes dos soldados, do sofrimento dos judeus nos campos de concentração, ou na destruição causada nas cidades pelos incontáveis bombardeios inimigos (e aqui também tem um pouco de tudo isso), mas Hannah nos coloca dentro do dia-a-dia da guerra, caminhando ao lado do civil que, de um dia para o outro passou a conviver com a incerteza do pão em sua mesa, simplesmente porque os alimentos foram acabando e para ter acesso ao pouco que restava no mercado precisava levantar antes do sol nascer e encarar as longas filas; que tinha que pensar no que ia falar ou em como ia agir para não correr o risco de ser julgado, denunciado e morto, ou que, de repente, se via obrigado a dividir a mesa e o teto com o inimigo.
Conclusão da Resenha de O Rouxinol
Finalizando a nossa resenha de O Rouxinol, podemos concluir que a narrativa da Kristin Hannah é muito emocionante e realista. As descrições em seus livros passam uma impressão de experiência leitora quase imersiva dos acontecimentos.
Isso quer dizer que ao ler, você é levado a imaginar com detalhes os lugares, a sentir o frio, a angústia, o sabor, a fome, a dor que os personagens estão sentindo e, assim, acabamos nos sentindo dentro da história, o que torna tudo muito mais intenso.
O sucesso e boa receptividade dos leitores motivou uma adaptação do livro para o cinema. “The Nightingale” (título do livro em inglês) está em processo de produção. Tem direção da francesa Mélanie Laurent, roteiro de Dana Stevens (Cidade dos Anjos) e terá no elenco principal as irmãs Elle e Dakota Fanning juntas em cena pela primeira vez. A produção enfrentou problemas com as filmagens devido à pandemia e teve a data de lançamento adiada por pelo menos duas vezes. A última data prevista para estreia nos cinemas era 22 de dezembro deste ano, mas a Tristar Picture (responsável pela produção) não divulgou mais nada sobre o assunto nos últimos meses. Assim, seguimos na expectativa para uma data oficial para o tão aguardado lançamento.
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