Começamos a nossa resenha de Pessoas Normais ressaltando que nessa obra teremos sim uma narrativa leve, mas com personagens que debatem sobre vida, política e, acima de tudo, saúde mental.
A autora Sally Rooney traz os protagonistas Connell e Marianne. Ambos estabelecem uma forma de relacionamento intenso como geralmente é o primeiro amor, mas ao mesmo tempo com desafios enormes. Os dois possuem problemas familiares e a diferença de classes sociais impõe uma dificuldade extra para o casal.
A mãe de Connell trabalha como empregada doméstica na casa dos pais de Marianne e a conexão entre os dois se dá justamente em uma das idas do garoto à sua casa para buscar a mãe. A partir daí, o impacto que um tem sobre o outro é de suma importância para a história ser desenvolvida.
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Pessoas Normais: Personagens Principais
Connell e Marianne estudam na mesma escola, e estão finalizando o ensino médio. Quando Connell vai buscar a mãe no trabalho (ela é faxineira na casa de Marianne), os dois perceberam que possuem muitos interesses em comum. E, assim, é construída uma relação muito forte, mas escondida. É importante dizer que, a relação só se torna secreta quando os dois concordam, pois têm medo do que os colegas de turma possam pensar.
A maioria das pessoas viveriam suas vidas inteiras, Marianne pensou, se nunca se sentiram tão próximas de alguém.
Marianne não é uma aluna popular, muitas vezes, ela é considerada esquisita por não seguir o “padrão” da maioria das garotas da sua idade e que possuem grandes condições financeiras. Por outro lado, Connell, mesmo não possuindo uma situação financeira estável, é popular e cheio de amigos. Estrela do time de futebol, todos gostam dele.
Contudo, ao longo da relação deles (depois do ensino médio e durante a universidade), os papéis sociais mudam, tornando Marianne o centro das atenções e Connell o deslocado.
Resenha de Pessoas Normais
Logo no começo da história, é possível ver como os personagens se comportam frente aos problemas e dilemas da vida adulta. A falta de diálogo entre Connell e Marianne faz com que ambos repensem a vida e a forma como a enxergam, trazendo uma grande carga emocional em cada capítulo. Não é fácil encontrar as palavras e a coragem para enfrentar os problemas.
Outro ponto importante é quanto a narrativa. Sempre narrada em terceira pessoa do presente, a autora separa a história dentro de quatro anos, mas com desencontros entre os personagens e em momentos esparsos. Os capítulos são separados por meses e anos, transmitindo uma sensação grande de efemeridade. É como se o presente fosse o único ponto possível da narrativa, e nada além disso fosse o bastante. Até mesmo nos diálogos, é possível verificar essa fluidez do tempo, pois a história não é marcada por travessões ou aspas.
“Connell gostaria de saber como as outras conduziam suas vidas particulares, para que pudesse copiar seus exemplos.”
A história também avança alguns anos no tempo, quando ambos já estão cursando a universidade, em Dublin. Um ano depois, ambos estão na universidade, em Dublin. Lá, os papéis se invertem e Marianne parece se adequar mais àquele mundo, enquanto Connell fica tímido e inseguro. No entanto, um caminho de autodestruição se inicia na vida dos dois e eles precisarão estar cada vez mais juntos para superar isso.
As Relações Familiares
Quanto às relações familiares e as amizades dos personagens, a família da Marianne não mantém uma relação próxima com ela, e devido às constantes agressões que ela e a mães sofriam do pai, isso acabou refletindo nas relações e na forma como ela enxerga os relacionamentos e o amor. Já Connell, possui uma relação profunda com a mãe, já que depois de ficar grávida na adolescência, ela fez de tudo por ele. Porém, mesmo com essa relação atenciosa, ele ainda sente um vazio profundo como se a vida o estivesse cobrando constantemente.
“A vida é a coisa que você traz consigo dentro da própria cabeça. Poderia muito bem ficar aqui deitado, inspirando poeira abjeta do carpete para dentro dos pulmões.”
Uma questão muito importante do livro é a discussão sobre depressão e ansiedade. Particularmente, achei que poderia ter sido trabalhado de forma melhor, mais intensa, mas a autora deixou de forma lúdica a necessidade de se procurar ajudar e reconhecer a necessidade de um tratamento adequado. Contudo, é concluir essa resenha de Pessoas Normais ressaltando que, por apresentar determinados comportamentos, o livro pode despertar certos gatilhos, se o leitor não estiver muito bem consigo mesmo.
Conclusão
Entre encontros e desencontros, a autora Sally Rooney constrói uma história de amor intrigante, mas meramente normal quando se trata de confrontos pessoais. O amadurecimento dos personagens é difícil, mas assim como a vida comum.
É impossível não sentir o impacto da carga emotiva, crua e brutal da vida deles. A principal mensagem que “pessoas normais” passa para o leitor, é a necessidade de se procurar ajuda e que, por mais que a situação esteja ruim, é tudo passageiro.
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