Neste texto, faremos uma resenha de Anatomia: Uma História de Amor. Esta envolvente história de época nos transporta para o século XIX, onde acompanhamos a obstinada protagonista em sua busca por reconhecimento e superação dos desafios impostos às mulheres na área da medicina. Com uma trama repleta de mistério, intriga e romance, o livro nos mergulha em um mundo sombrio de segredos, onde a anatomia humana se revela não apenas como objeto de estudo, mas também como um catalisador para os destinos entrelaçados de Lady Hazel e do intrépido Jack Currer.
Nesse romance temos Hazel Sinnett, uma jovem de dezessete anos, que sonha em ser médica, o que, infelizmente, é impossível, visto que, em plena Edimburgo, mulheres não poderiam exercer tal profissão, ou seja, elas eram inclinadas aos bailes, casamentos e vidas sociais restritas.
Desde pequena, Hazel sempre fora fascinada por ciência e, por incentivo do seu pai, capitão da Marinha Real, ela sempre viajava pelos exemplares do Doutor Beecham, considerado um grande renome em cirurgia e evolução medicinal.
Contudo, combinado com as limitações sociais, Hazel pertence a uma família de grandes posses, e sua mãe está decidida a casá-la com seu primo Bernard, filho de um grande Visconde.
“Não brinque com o seu futuro. Isso dá margem para você perder. pág. 74.”
Os dois sempre foram grandes amigos, mas agora crescida, ela não pensa nele como futuro marido, pelo contrário, ela está convicta em aprender mais sobre cirurgias e etc.
Quando em uma de suas visitas ao seu primo, ela vê um cartaz anunciando que havia uma demonstração gratuita do Doutor Beecham III, neto da figura lendária da cirurgia de Edimburgo. Era sua grande oportunidade de ver ao vivo os novos métodos empregados na medicina, mesmo que ela tenha que se disfarçar para conseguir assistir.
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Jack Currer
Em paralelo a isso temos Jack Currer, um jovem que sempre sobreviveu na cidade grande e que esconde um segredo bastante curioso – e levemente sombrio. Jack é um ressurreicionista, ou seja, ele desenterra cadáveres, e os vende para grandes médicos e universidades, a fim de que sejam realizados estudos e experimentos.
Com ajuda de seu amigo Munro, Jack ganha a vida realizando essas “operações” nas madrugadas, mas a polícia está de olho neles, e quando seu amigo desaparece ele fica em alerta.
O caminho dele com Hazel se cruzará quando a jovem ouvir que terá um novo exame de admissão para a universidade de medicina. Seria a sua grande chance, mas para isso, ela precisaria estudar com afinco, além de saber como funciona o corpo humano.
“Eu estava tão confiante. Esse é o problema: eu pensava que sabia de tudo, que conseguiria fazer qualquer coisa. Só quando vi certas coisas com meus próprios olhos que percebi como é tênue a linha entre tudo dar certo ou ser arruinado para sempre, e de repente me dei conta de que não sei de nada. pág. 236.”
Então, sabendo que Jack está com dificuldades financeiras, ela promete uma boa quantia para ele, desde que ele traga um corpo para ela analisar. E a partir desse momento, que uma grande amizade começa, além deles dois entenderem que possuem mais coisas em comum do que imaginam.
Século XIX, e seus métodos medicinais
É impossível não tocar nesse assunto, visto que a escritora traz diversas críticas sobre como eram os métodos medicinais e o quanto eles evoluíram. Em Anatomia: Uma História de Amor, fica claro que a sociedade médica acredita em substituição de partes do corpo, sem a menor compatibilidade, elixir de prolongamento da vida, etc.
É algo muito peculiar o quanto, mesmo com tanta evolução, alguns paradigmas persistem até hoje. Um bom exemplo disso, é o preconceito que a protagonista sofre por ser mulher e gostar de ciências, e por desejar um destino diferente do que a maioria das garotas da sua idade tem.
“Um tratamento é bom. Uma cura seria melhor ainda. pág. 269.”
Essa temática é reforçada a todo tempo, principalmente pelo fato de a sociedade de Edimburgo ter enfrentado uma epidemia de febre romana (levou esse nome devido a semelhança das várias feridas nas costas com as facadas recebidas por Júlio César), matando mais de cinco mil pessoas, entre eles seu irmão George.
Outro ponto importante, é quanto às leis da época. Além de serem rigorosas, elas acabavam beneficiando aqueles que possuíam posses e influências entre os aristocratas.
Romance e Papel Social da Mulher
Além dos debates sociais citados anteriormente, o mais importante, com certeza, é o papel social que as mulheres exercem. Não somente pela limitação sobre a medicina, mas quanto às expectativas que todas as jovens passavam.
A todo momento, a escritora traz uma crítica muito impactante sobre como os papéis sociais influenciam a vida das pessoas, principalmente das mulheres, e que essa limitação ainda perdura, de certa forma, até hoje. O preconceito, a diferença salarial e até mesmo o que se entende sobre o corpo e as emoções femininas são temas retratados na história.
A protagonista, sendo uma personagem forte que busca quebrar esses paradigmas, “compra” uma briga importante, mesmo sendo impotente sobre como a sua vida deve ser desenvolvida. Um bom exemplo disso, é quanto a sua mãe.
“Alguém deveria dizer que você é linda toda vez que o sol nasce. Alguém deveria dizer que você é linda às quartas-feiras. pág. 237.”
Enfrentando um luto pela morte de George, seu filho mais velho, a mãe de Hazel acaba voltando toda a sua atenção para o seu filho mais jovem, Percy. Afinal de contas, ele herdará todas as posses da família. Dessa forma, Hazel deve se casar com seu primo, para assegurar o nome e os bens materiais da família.
Outro passagem curiosa da história é quando Hazel necessita se disfarçar, com roupas masculinas, para poder ter aulas de anatomia, no renomado curso do dr. Beecham. Para sua infelicidade, mulheres não são admitidas no curso, pois acreditavam que elas não possuíam um bom “desenvolvimento” emocional, psicológico e educacional. Quando descobrem que ela era uma mulher, um dos professores a expulsa do curso, deixando Hazel arrasada, mas convicta que fará a prova de admissão para a universidade de medicina.
Conclusão da Resenha de Anatomia
Concluímos nossa resenha de Anatomia: Uma História de Amor ressaltando que essa é uma história que traz protagonistas fortes, e uma ambientação vitoriana, cheia de referências ao século XIX. A autora Dana Schwartz foi influenciada por diversas histórias, mas a principal é “Frankenstein” e o livro “Medicina Macabra”.
São histórias que se conectam, que trazem debates importantes, mas que constrói um romance leve, divertido e cheio de referências literárias. Anatomia: Uma história de amor é um romance macabro, que merece a sua leitura.
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