começos mais impactantes da literatura

Os 10 Começos Mais Impactantes da Literatura Mundial

Alguns livros te conquistam pela trama. Outros, pela escrita. Mas há aqueles raros casos em que a primeira frase já é tão poderosa que você sabe: está diante de uma obra-prima.

Separamos aqui 10 começos inesquecíveis da literatura, escolhidos a dedo por sua força, estranheza ou inteligência. Prepare-se para ser fisgado logo nas primeiras linhas — e para talvez nunca mais esquecê-las.

1. O Estrangeiro – Albert Camus (1942)

“Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei bem. Recebi um telegrama do asilo: ‘Sua mãe falecida. Enterro amanhã. Sentidos pêsames.’ Isso não quer dizer nada. Talvez tenha sido ontem.”

Por que impacta?

Camus abre sua obra O Estrangeiro com uma frieza brutal. Em apenas duas frases, revela a apatia do protagonista e estabelece o tom existencialista do romance. É um dos inícios mais famosos e perturbadores da literatura moderna.

2. A Metamorfose – Franz Kafka (1915)

“Quando certa manhã Gregor Samsa despertou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama transformado num inseto monstruoso.”

Por que impacta?

O parágrafo inteiro inicia de A Metamorfose mergulha no absurdo sem nenhum aviso, o que o torna tão inesquecível. Kafka não introduz. Ele joga o leitor diretamente no absurdo. E o faz com tamanha naturalidade que o surreal vira cotidiano. Uma virada de chave tão ousada que ainda hoje causa espanto.

3. O Hobbit – J.R.R. Tolkien (1937)

“Numa toca no chão vivia um hobbit. Não uma toca suja, úmida, com restos de minhocas e cheiro de lama, nem uma toca seca, vazia, com nada além de poeira e teias de aranha: era a toca de um hobbit, e isso quer dizer conforto.”

Por que impacta?

Essa frase é um convite silencioso a um mundo mágico. Com simplicidade e mistério, Tolkien inaugura o universo da Terra Média e convida o leitor a uma jornada épica, a partir de um buraco no chão em O Hobbit.

4. Cem Anos de Solidão – Gabriel García Márquez (1967)

Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de lembrar-se daquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo.”

Por que impacta?

É tempo, memória, morte e magia condensados em uma única frase. Márquez anuncia toda a grandiosidade do realismo mágico e da saga dos Buendía — e te prende ali, já no primeiro parágrafo.

5. On the Road – Jack Kerouac (1957)

“Conheci Dean logo depois que minha esposa e eu nos separamos. Eu tinha acabado de me recuperar de uma doença séria, da qual não vale a pena falar, exceto pelo fato de que teve muito a ver com a minha decisão de ir para o Oeste. Eu precisava ir. Precisava me afastar de tudo o que era familiar e partir rumo ao desconhecido.”

Por que impacta?

Uma frase que marca a ruptura, o início da liberdade e da estrada. É o espírito beat, cru e direto, que ecoa nos corações inquietos e nômades. Kerouac nos convida a abandonar tudo e pegar carona no fluxo da vida.

6. Anna Kariênina – Liev Tolstói (1878)

“Todas as famílias felizes se parecem; cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”

Por que impacta?

É uma máxima filosófica que diz tudo antes mesmo da história começar. Em uma única linha, Tolstói anuncia os dramas familiares, as tragédias íntimas e o caráter universal da dor.

7. Medo e Delírio em Las Vegas – Hunter S. Thompson (1971)

“Estávamos em algum lugar perto de Barstow, na beira do deserto, quando as drogas começaram a fazer efeito. Lembro que estava dizendo algo como ‘Sinto um pouco de frio… talvez você devesse dirigir…’ e então de repente houve um barulho terrível por todo o céu, que nos cercou com um gigantesco rugido e uma rajada de vento vinda do leste, que fez o carro virar quase fora da estrada.”

Por que impacta?

Uma frase tão alucinada quanto genial. O leitor já entra em um universo sem freios, onde realidade e delírio se confundem. É o jornalismo gonzo abrindo a porta da loucura com o pé na porta.

8. O Processo – Franz Kafka (1925)

“Alguém devia ter caluniado Josef K., pois certa manhã ele foi detido sem ter feito nada de errado. A cozinheira da senhora Grubach, sua senhoria, que lhe trazia o café da manhã todos os dias por volta das oito horas, não apareceu nesse dia. Isso nunca acontecera.”

Por que impacta?

Mais uma vez, Kafka dispensa explicações e mergulha o leitor direto no pesadelo. A arbitrariedade do sistema já está ali — uma prisão sem crime, um mundo sem lógica.

9. A Guerra do Velho – John Scalzi (2005)

“No meu aniversário de setenta e cinco anos, fiz duas coisas: visitei o túmulo da minha esposa e me alistei para o exército.”

Por que impacta?

Um início inusitado e provocador: por que um idoso se alistaria para a guerra? Guerra do Velho é ficção científica com personalidade, que já sugere que este futuro não é o que esperamos. Mais seco e direto do que a maioria, é contraste entre a morte e a guerra futura é o que causa impacto imediato.

10. Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis (1881)

“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Supondo o leitor mais curioso de saber como fui enterrado do que como nasci, começo pela morte.”

Por que impacta?

Machado reescreve as regras do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas  já na abertura. É o defunto-autor falando com o leitor, misturando ironia, morte e metalinguagem. Um marco do realismo brasileiro e uma aula de originalidade.

Conclusão

Como leitor obsessivo e criador do Os Melhores Livros, sempre tive um fraco por começos inesquecíveis. Aqueles que te jogam direto no clima da história antes mesmo de virar a segunda página. Nesta lista, selecionei 10 dos mais impactantes que já li, e que continuam me assombrando até hoje.

Esses começos mostram que a primeira frase pode ser a mais importante de um livro. Elas instigam, chocam ou encantam — e funcionam como um aperitivo de tudo que está por vir. Ao final dessa lista, a única certeza é: você vai querer reler (ou finalmente ler) cada um desses títulos.

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