bestsellers eua vs brasil

Brasil e EUA leem coisas muito diferentes: o que mostram os dados de 2025

Todo ano, as listas de best-sellers ajudam a entender o que as pessoas estão buscando nas páginas dos livros: escapismo, inspiração, conforto, ou só um bom entretenimento.

Em 2025, essa diferença ficou ainda mais evidente. Enquanto os Estados Unidos lideraram com romances épicos, distopias e thrillers virais, o Brasil teve como destaque livros de colorir para adultos, devocionais cristãos e títulos de desenvolvimento pessoal.

Essa comparação, longe de ser um juízo de valor, mostra como os hábitos de leitura também refletem o momento cultural e emocional de cada país , suas ansiedades, desejos e rotinas.

Para facilitar a comparação, listamos os títulos com os nomes em português (quando disponíveis), para que as diferenças fiquem ainda mais claras — tanto nos temas quanto nos formatos.

Veja abaixo os livros mais vendidos de cada país.

O Top 5 nos EUA (Publishers Weekly)

  1. Deixa Pra Lá – Mel Robbins – 1.7 milhão de exemplares vendidos
  2. Amanhecer na Colheita – Suzanne Collins – 1.6 milhão de exemplares vendidos
  3. Tempestade de Ônix – Rebecca Yarros – 1.5 milhão de exemplares vendidos
  4. Dog Man 13 – Dav Pilkey – 500 mil exemplares vendidos
  5. A Empregada – Freida McFadden – 490 mil exemplares vendidos

São livros com ritmo acelerado, personagens fortes, fórmulas de impacto e marketing afiado. A lógica? Entretenimento intenso com cara de cinema, embalado por campanhas virais. Rebecca Yarros, por exemplo, vendeu mais de 1.5 milhão de cópias em 6 meses com uma saga de fantasia romântica surgida no TikTok.

O Top 5 brasileiro (Publishnews)

  1. Do Dia Para a Noite – Bobbie Goods (livro de colorir) – 250 mil exemplares vendidos
  2. Dias Quentes – Bobbie Goods – 175 mil exemplares vendidos
  3. Café com Deus Pai 2025 – Junior Rostirola – 136 mil exemplares vendidos
  4. Isso e Aquilo – Bobbie Goods – 120 mil exemplares vendidos
  5. Dias Frios – Bobbie Good – 109 mil exemplares vendidos

A febre Bobbie Goods veio direto das redes sociais, com ursos fofos para colorir. Quatro posições no Top 5 são dela. Os outros destaques? Devocionais cristãos e livros de youtubers.

Não há romances de ficção adulta, nem thrillers, nem distopias. Mesmo fenômenos globais como Verity ou A Empregada só aparecem do meio da lista para baixo.

O que isso significa?

Nos EUA, o leitor busca emoção, catarse, distração cinematográfica. No Brasil, o leitor parece buscar alívio da ansiedade, paz interior e senso de controle — seja colorindo, rezando ou se motivando.

Por que isso importa?

  1. Editoras precisam repensar suas apostas.

Talvez o próximo best-seller brasileiro não seja um romance, mas um planner com adesivos. Ou um devocional com mensagens curtas.

  1. Autores podem explorar novos formatos.

E se um thriller viesse com páginas para pintar entre os capítulos? Ou se um romance juvenil fosse lançado como diário ilustrado?

  1. As redes sociais seguem ditando as regras.

O BookTok impulsiona Onyx Storm lá fora. No Brasil, o TikTok fez Bobbie Goods explodir em vendas.

E a ficção brasileira?

Ela resiste. Mas está espremida entre os devocionais e os livros de colorir. Carla Madeira, Raphael Montes e Colleen Hoover vendem bem, mas não alcançam os holofotes do Top 5 em 2025. 

Conclusão

Comparar os livros mais vendidos no Brasil e nos EUA não é uma competição. É um retrato cultural.

Lá fora, os leitores estão em busca de histórias grandiosas, escapismo e entretenimento com ritmo de série de streaming. Aqui, o foco está no bem-estar, na espiritualidade e em formas criativas de relaxar, como os livros de colorir que dominaram 2025.

E está tudo bem.

Essas diferenças revelam onde está o interesse do público e oferecem pistas valiosas para autores, editoras e criadores de conteúdo. Há espaço para todos os gêneros, desde que saibamos como apresentar cada obra ao leitor certo, no momento certo, com a linguagem certa.

O mercado editorial brasileiro não precisa imitar o americano. Mas pode, e deve, aprender com sua agilidade, seu apelo visual, suas campanhas virais. Da mesma forma, o Brasil pode exportar sua originalidade: quem mais transformaria um livro de ursos fofos para colorir em best-seller nacional?

No fim das contas, o que importa é que se está lendo. E isso já é uma excelente notícia.

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