Eric Hobsbawm é um dos historiadores mais influentes do século XX, conhecido por sua habilidade em conectar eventos históricos a processos de longa duração. Ele introduziu os conceitos do “longo século XIX” e do “curto século XX” para explicar, respectivamente, o período entre 1789 e 1914 e os eventos entre 1914 e 1991.
Para Hobsbawm, esses marcos históricos refletem mudanças estruturais que moldaram o mundo moderno: o longo século XIX abrange a ascensão do capitalismo industrial, o apogeu dos impérios coloniais e a consolidação da modernidade; já o curto século XX, embora mais breve, foi um período de transformações intensas, marcado por guerras globais, ideologias conflitantes e avanços tecnológicos.
Sua série As Eras de Hobsbawm é uma leitura essencial para entender esses períodos. Composta por quatro volumes, a obra oferece uma análise abrangente dos processos econômicos, sociais, culturais e políticos que definiram o mundo contemporâneo. Vamos explorar cada um desses livros e suas principais contribuições.
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A Era das Revoluções (1789–1848)
No primeiro volume, Hobsbawm analisa as transformações geradas pela Revolução Francesa e pela Revolução Industrial, que marcaram o início do longo século XIX. Ele descreve como essas mudanças não apenas alteraram a estrutura política e econômica da Europa, mas também influenciaram o pensamento e os valores da sociedade ocidental. A Revolução Francesa introduziu os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, desafiando o absolutismo monárquico, enquanto a Revolução Industrial transformou a produção e o trabalho, estabelecendo as bases do capitalismo moderno.
Hobsbawm também destaca as contradições do período. A industrialização trouxe progresso, mas gerou desigualdade e exploração, alimentando movimentos sociais e ideias revolucionárias. Do mesmo modo, os ideais democráticos da Revolução Francesa foram acompanhados de conflitos violentos e resistência das elites. Esses processos, segundo o autor, deram início a uma era de revoluções que moldaria o século XIX.
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A Era do Capital (1848–1875)
O segundo livro explora um período de consolidação econômica, quando o capitalismo industrial se tornou a força dominante no Ocidente. Hobsbawm analisa o impacto das inovações tecnológicas e da expansão dos mercados globais, que levaram a um período de prosperidade em algumas regiões. Ele também destaca a interconexão entre as economias, o que impulsionou o comércio internacional e o crescimento do imperialismo.
Apesar da prosperidade, Hobsbawm aponta para as desigualdades que continuavam a crescer. Movimentos socialistas e operários começaram a desafiar a ordem estabelecida, enquanto crises econômicas demonstravam a vulnerabilidade do sistema capitalista. O autor mostra como o período foi marcado por tensões entre progresso e desigualdade, estabelecendo os fundamentos para os conflitos futuros.
A Era dos Impérios (1875–1914)
No terceiro volume, Hobsbawm examina o apogeu do imperialismo e a rivalidade entre as grandes potências, que culminariam na Primeira Guerra Mundial. Ele descreve como as nações europeias expandiram seus domínios coloniais, explorando recursos e populações em todo o mundo. Essa expansão foi impulsionada pelo crescimento industrial e pelo nacionalismo, que moldaram as políticas externas das potências.
Hobsbawm também analisa a crescente tensão interna nas sociedades europeias. Movimentos nacionalistas e operários desafiaram a estabilidade política, enquanto os avanços tecnológicos e científicos criavam novas oportunidades e desafios. Embora parecesse uma era de estabilidade e progresso, o período era marcado por contradições que levariam ao colapso do sistema imperial com a eclosão da guerra em 1914.
A Era dos Extremos (1914–1991)
O último volume aborda o “curto século XX”, caracterizado por conflitos intensos, transformações sociais e avanços tecnológicos. Hobsbawm inicia com a Primeira Guerra Mundial, que marcou o fim da era dos impérios e abriu caminho para novas ideologias, como o fascismo e o comunismo. Ele analisa a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, destacando como esses eventos moldaram o cenário político e econômico global.
Hobsbawm também discute o impacto das mudanças sociais e culturais, como a descolonização, os movimentos pelos direitos civis e o avanço do neoliberalismo nas décadas finais do século XX. Para ele, o curto século XX foi uma era de extremos: ao mesmo tempo em que trouxe avanços impressionantes, também testemunhou níveis sem precedentes de destruição e desigualdade.
Esse livro não está incluso na coletânea da Paz & Terra.
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