O Homem Que Sabia Javanês é uma obra do escritor brasileiro Lima Barreto, um dos mais importantes da literatura nacional. Publicado em 1911, o conto é uma crítica à superficialidade e à falsa erudição na sociedade da época.
Na trama, Castelo é um personagem que, em meio à miséria do desemprego, finge saber javanês para conseguir um emprego oferecido pelo Barão de Jacuecanga. Após obter o emprego, mesmo sem realmente conhecer o idioma, ele se torna famoso como um dos poucos tradutores de javanês disponíveis e, de maneira inesperada, contribui para a diplomacia do país.
Essa história destaca a ironia e a crítica social características da obra de Lima Barreto. Afinal, é uma característica conhecida do autor de expor as hipocrisias e os vícios da sociedade brasileira da época.
Nexte texto, você irá ver uma resenha de O Homem que Sabia Javanês, feita utilizando a edição recente da Principis, de 2020, que conta com 112 páginas.
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O Conto Principal
Esse livro reúne contos publicados essencialmente nos jornais do Rio de Janeiro no começo do século XX, entre os anos de 1911 e 1922.
Bom, o principal conto dessa coletânea é sim O Homem que Sabia Javanês. Esse também é o conto de abertura do livro e vai narrar a história de um sujeito chamado Castelo. Esse personagem conta a uma amigo como certa vez durante a sua vida ele se tornou professor de javanês mesmo sem saber falar essa língua. Essa, pessoal, é uma das línguas faladas lá na Indonésia, só por curiosidade. Mas enfim, ele está precisando de dinheiro e vê no jornal um anúncio procurando por algum professor de javanês. Imediatamente ele consegue acesso a uma enciclopédia ali, aprende algumas palavras e se candidata a ensinar.
Pois bem, o aluno que quer aprender javanês é um senhor mais de idade que tinha ganhado do pai há muitos anos um livro nessa língua. Então o que acontece é que ele ajuda aquele senhor a traduzir o livro. Só que ele não sabe absolutamente nada de javanês, e a “tradução” que ele faz é basicamente invenção da sua cabeça.
Só que nesse processo ele vai se tornando famoso na cidade do Rio de Janeiro. Ao longo do tempo, chega até mesmo a ser alçado a posição de diplomata, tudo por causa de ser um exímio tradutor de javanês. De fato, aqui tem uma crítica clara né por parte do Lima Barreto a esse tipo de comportamento daquela figura da pessoa que ensina, sem nunca ter vivido aquilo que ela tá ensinando, ou sem saber o que está falando.
Outros Contos Importantes
Além desse conto, tem vários outros bem interessantes e os que eu mais me chamaram a atenção foram: A Sombra do Romariz, O Tal Negócio das Prestações, O Número da Sepultura e Lourenço, o Magnífico.
Não cabe aqui entrar em detalhes em todos, mas tem várias coisas em comum aqui: os cenários do Rio no começo da primeira república, a crítica forte às repartições públicas e à politicagem que rolava dentro delas na época, à pobreza da cidade. Traz o tema do racismo também. E também traz o tema do jogo do bicho que já estava presente ali.
Dentro dos contos, tem outros dois que eu quero me aprofundar um pouco mais. O primeiro do conto “O Tal Negócio das Prestações” que já fala como o brasileiro se endividava em prestações já naquela época de 1920. Ou seja, não é algo de agora.
Quero citar também o conto Lourenço, o Magnífico. Nele, conhecemos um comerciante que fica milionário com a Primeira Guerra e vira um novo rico. Sua vida é gastar dinheiro com inutilidades e coisas de mal gosto, enquanto critica a pobreza crescente na cidade.
É bem interessante também que todos os contos têm a presença de uma ironia sutil por parte do Lima Barreto e você meio que tem que pescar sempre o que ele tá querendo dizer ali. E geralmente não é algo óbvio, você tem que refletir pra compreender.
Outra característica que eu achei bem diferente é que os contos, todos eles, terminam sempre meio que do nada e com uma tirada engraçadinha, junto com essa ironia que eu mencionei.
Conclusão da Resenha de O Homem Que Sabia Javanês
Bom, pessoal, também quero deixar o recado aqui que esse é um texto com as minhas percepções sobre a obra e eu sei que de vez em quando esse livro cai em algum vestibular, mas eu não sou docente em letras nem literatura. Se for esse o seu caso, eu sugiro procurar um vídeo ou texto que tenha mais esse foco, feito por um professor ou alguém da área.
No meu caso, eu li só por curiosidade mesmo.
Bom… Para esse livro, mesmo reconhecendo a importância histórica, a minha nota vai ser 3/5 estrelas… Apesar de alguns contos muito bons, outros me pareceram chatinhos. Mas, claro, somente recomendo para quem gosta de literatura brasileira daquela que a gente via na escola ou para quem se interessa por esses temas que eu levantei.
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