O Talentoso Ripley, escrito por Patricia Highsmith, é um romance psicológico que mergulha nos recônditos mais sombrios da mente humana. Publicado em 1955, o livro rapidamente se tornou um clássico do suspense e da intriga, conquistando leitores com sua narrativa habilidosa e personagens complexos. Nesta resenha de O Talentoso Ripley, exploraremos as principais características dessa obra, mergulhando em sua trama envolvente e nas profundezas da personalidade do protagonista.
A trama do livro se passa na década de 1950 e gira em torno de Tom Ripley, um personagem fascinante e ao mesmo tempo perturbador. Tom é um jovem extremamente ambíguo, que se envolve em uma série de eventos complicados quando é contratado para convencer um playboy rico, Dickie Greenleaf, a retornar para casa. A partir desse ponto, a história se desdobra em uma teia de mentiras, manipulações e assassinatos, enquanto Tom luta para manter seu segredo escondido.
A história de O Talentoso Ripley tem sido adaptada várias vezes para o cinema, televisão e teatro, o que ampliou ainda mais seu impacto cultural. As adaptações cinematográficas, especialmente o filme O Talentoso Ripley de 1999, trouxeram a história para um público mais amplo e solidificaram seu lugar na cultura popular.
Além disso, ao todo, foram publicados mais obras, assim, são 5 livros que completam a saga de O Talentoso Ripley. Nenhum deles, no entanto, atingiu o sucesso extremo do primeiro volume.
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Destaques do Livro
Um dos aspectos mais notáveis de O Talentoso Ripley é a capacidade da autora de mergulhar profundamente na psicologia do protagonista. Highsmith habilmente explora a mente de Tom Ripley, retratando suas motivações complexas e suas lutas internas. À medida que a narrativa avança, percebemos que a ambiguidade moral de Ripley é um dos pontos fortes da história.
Outro aspecto notável é a descrição vívida e atmosférica da década de 1950, presente ao longo de toda a narrativa. Highsmith utiliza habilmente elementos da época para construir um cenário realista e envolvente, capturando a atmosfera social e cultural da época. Isso não apenas aprofunda a imersão do leitor na história, mas também reflete a própria natureza das personagens e suas interações. Aliás, quando eu estava lendo o livro, demorei a me situar em que época se passava a obra. Os personagens fazem várias viagens de navio, inclusive entre os EUA e Europa, e demorei a entender o motivo disso, até perceber a época em que viviam.
A Vida de Ripley em Nova York
A vida de Tom Ripley em Nova York desempenha um papel fundamental na trama e no desenvolvimento de seu personagem. Tom é um jovem de origem humilde, que vive em um apartamento modesto no bairro de Greenwich Village, na cidade de Nova York.
Logo no início da trama, o pai de Dickie Greenleaf, Sr. Greenleaf, contrata Tom Ripley para convencer Dickie a retornar aos Estados Unidos e assumir seus negócios familiares. A abordagem do Sr. Greenleaf revela muito sobre sua personalidade e suas expectativas em relação ao filho.
O Sr. Greenleaf é um homem rico e poderoso, que valoriza a tradição familiar e espera que Dickie assuma a responsabilidade pelos negócios da família. Ele vê em Tom uma oportunidade de influenciar seu filho e trazê-lo de volta à realidade do que ele considera ser um estilo de vida adequado.
No entanto, à medida que a trama se desenrola, fica evidente que a abordagem do Sr. Greenleaf falha em entender a complexidade da situação e as verdadeiras motivações de seu filho. Dickie é uma pessoa independente, que busca uma vida de liberdade e autoexpressão, distante das expectativas do pai. Essa desconexão entre pai e filho aparece várias vezes ao longo da história, criando tensões e conflitos que impulsionam o enredo.
A Ida à Mongibello
Os personagens Tom Ripley, Dickie Greenleaf e Marge Sherwood passam a maior parte do tempo do livro no vilarejo fictício de Mongibello, localizado na Itália.
Mongibello é uma pequena cidade costeira fictícia na região da Campânia, na Itália. É descrita como um lugar pitoresco, com ruas estreitas, casas coloridas e um ambiente tranquilo. A atmosfera de Mongibello é retratada como idílica e encantadora, um refúgio para os personagens em busca de uma vida mais despreocupada e autêntica.
Tom Ripley é enviado para Mongibello por Mr. Greenleaf para convencer Dickie Greenleaf, que está vivendo lá, a retornar aos Estados Unidos. No entanto, assim que Tom chega ao vilarejo, ele se encanta com o estilo de vida descontraído e agradável de Mongibello. Ele é atraído pela beleza do local e pela sensação de liberdade que encontra ali.
A Vida em Mongibello
Enquanto Dickie Greenleaf se estabelece em Mongibello com sua namorada Marge Sherwood, Tom tenta se inserir no círculo social do casal. Eles frequentam cafés, praias e festas locais, desfrutando da vida na pequena comunidade italiana. A atmosfera acolhedora de Mongibello contrasta com a agitação da cidade grande e proporciona um ambiente perfeito para a trama se desenrolar.
Também é digno de nota que, naquele momento histórico, o Itália era uma local super barato para se viver quando comparado aos EUA, possibilitando que com poucos recursos eles tivessem uma vida muito confortável.
Ao longo do livro, o charme e a tranquilidade aparentes de Mongibello começam a desvanecer-se à medida que os relacionamentos entre os personagens se complicam e as tensões aumentam, principalmente após uma cena em que Dicky observa Tom usando suas roupas após uma briga entre os dois por causa de Marge. A cidade idílica se transforma em um cenário tenso e opressivo, refletindo o estado mental perturbado de Tom Ripley e as consequências de suas ações.
A Ascensão do Sociopata
À medida que a trama se desenrola, fica claro que Tom possui uma personalidade complexa e perturbada, marcada por traços de sociopatia e uma busca incessante por aceitação e identidade. Atenção: a partir deste momento da nossa resenha de O Talentoso Ripley você pode encontrar spoilers.
Tom sente inveja da vida despreocupada e privilegiada de Dickie Greenleaf, que o leva a se aproximar dele inicialmente como um amigo. No entanto, à medida que sua obsessão cresce, Tom se vê cada vez mais consumido pela ideia de assumir a identidade de Dickie, usurpar sua posição e desfrutar dos benefícios que ele possui.
O ataque a Dickie ocorre em um momento crucial da narrativa. Tom, temendo que Dickie descubra suas mentiras e intenções ocultas, decide agir para garantir sua própria sobrevivência. Em um momento de extrema tensão emocional, Tom acaba assassinando Dickie com um remo durante um confronto em um barco. Esse ato brutal e violento revela a profundidade das distorções mentais de Tom e sua incapacidade de lidar com os desafios emocionais de maneira saudável.
Esse ataque a Dickie marca um ponto de virada na história, desencadeando uma série de eventos que testam ainda mais a sanidade e a moralidade de Tom. A partir desse ponto, ele se vê obrigado a esconder seu crime, manipular as pessoas ao seu redor e tecer uma teia de mentiras cada vez mais complexa para sustentar sua falsa identidade.
Fingindo Ser Dickie
Depois de cometer o assassinato de Dickie, Tom toma a decisão de assumir a identidade de seu amigo, fingindo ser ele para escapar das consequências de seus atos.
Tom inicia um elaborado esquema de falsificação para se transformar em Dickie. Ele estuda cuidadosamente a personalidade, os trejeitos e os gostos de Dickie, buscando se aproximar o máximo possível de sua aparência e comportamento. Ele aprende a imitar sua assinatura, a escrever em seu estilo e a se expressar como ele. Tom se apropria das roupas, pertences e até da fortuna de Dickie, transformando-se em uma versão distorcida do próprio amigo.
Essa transformação é uma demonstração da astúcia e habilidade de Tom em manipular sua identidade e enganar as pessoas ao seu redor. Fingindo ser Dickie, Tom se envolve em relacionamentos e situações que nunca seriam possíveis para ele em sua própria identidade. Ele aproveita o dinheiro, a influência social e as oportunidades que a vida de Dickie lhe proporciona. No entanto, sua falsa identidade começa a ser ameaçada conforme as pessoas ao seu redor desconfiam de suas atitudes e inconsistências em seu comportamento.
A farsa de Tom Ripley ao fingir ser Dickie Greenleaf é uma demonstração de sua habilidade de se adaptar a diferentes papéis e de sua persistência em construir uma vida que sempre desejou. No entanto, essa falsidade cria uma tensão constante na narrativa, já que Tom precisa manter suas mentiras e encobrir sua verdadeira identidade, levando-o cada vez mais fundo em um mundo de enganos e crimes.
O Thriller Psicológico
Patricia Highsmith foi pioneira na criação de um thriller psicológico que se concentra mais na mente dos personagens do que na ação pura. Ela mergulha fundo na psicologia de Tom Ripley, explorando seus traços de personalidade complexos e as motivações obscuras por trás de suas ações. Dessa forma, essa abordagem inovadora influenciou muitos escritores subsequentes no gênero.
Tom Ripley é um protagonista memorável e complexo, que desafia as convenções tradicionais de um herói ou vilão. Sua ambiguidade moral, sua habilidade em manipular os outros e sua luta constante entre a busca de identidade e a necessidade de esconder sua verdadeira natureza o tornam, portanto, um personagem fascinante para os leitores.
Highsmith examina os limites entre o bem e o mal, a construção da identidade e a influência do ambiente e das circunstâncias na formação do caráter. Essas reflexões universais e existenciais dão à obra uma relevância duradoura.
Conclusão da Resenha de O Talentoso Ripley
Concluímos nossa resenha de O Talentoso Ripley ressaltando que essa é uma obra-prima do suspense psicológico que cativa o leitor desde a primeira página. Patricia Highsmith apresenta uma trama intrincada e um protagonista complexo, explorando temas como identidade, ambição e o lado sombrio da natureza humana. Assim, com uma escrita envolvente e uma atmosfera rica, o livro convida os leitores a uma jornada emocional e intelectual, levando-os a questionar suas próprias noções de moralidade.
Ou seja, no geral, O Talentoso Ripley é um livro que permanece na mente do leitor muito depois de ter sido lido, deixando uma impressão duradoura e revelando o talento notável de Patricia Highsmith como mestre do suspense psicológico. Minha nota lá no Skoob foi 4⭐, dessa forma, recomendo a leitura.
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