No livro Nós Dois Sozinhos no Éter, da autora Olivia Blake, somos levados a uma envolvente história que explora a complexidade dos relacionamentos humanos e a irresistível atração que surge entre personagens de personalidades opostas. Este é um romance verdadeiro, desafiador e que traz os diferentes ângulos de um relacionamento, no qual a escritora nos saúda com um romance que traz temas como saúde mental, transtorno comportamental e de personalidade. Mas, claro, sem deixar o romance verdadeiro de lado. Neste texto você irá encontrar uma resenha de Nós Dois Sozinhos no Éter para melhor compreensão da obra!
O livro conta a história de Charlotte Regan e Rinaldo Damiani. Os dois terão seus caminhos cruzados no Instituto de Arte de Chicago, onde Regan trabalha. A partir desse momento, eles se veem incapazes de se afastar um do outro. Ela é responsável em conduzir as excursões pelas artes expostas, explicando mais sobre cada uma delas. O encontro deles é diferente, enigmático, mas cheio de perguntas sem respostas.
Por outro lado, Rinaldo, é professor de matemática na universidade, e está tendo dificuldade em terminar a sua tese de doutorado. Regan o considera a pessoa mais inteligente que ela já conheceu, e Aldo se encanta com a forma como Regan se comporta e busca sempre se esquivar da verdade. Assim, eles combinam uma série de seis “encontros”, nos quais ambos poderiam descobrir mais sobre cada um.
Em paralelo a isso, o livro conta a história familiar e do cotidiano de cada um. Regan vem de uma família de classe social abastada, mas que sempre exigiu dela certa perfeição. Com isso, desde pequena, a jovem desenvolveu alguns gatilhos mentais e comportamentais, se valendo de atos (até ilegais), mesmo tendo consciência que eram errados. Já Aldo, diferente de Regan, é introvertido e com poucos amigos. Ele encontra conforto em sua mente meticulosa, preenchida com cálculos sobre viagem no tempo e curiosidades sobre abelhas. Para ele, o mundo é um caos inquietante, e para enfrentá-lo, ele constrói rigorosas rotinas, regras e fórmulas que sustentam sua existência frágil. Seu pai, Masso, mesmo morando na Califórnia, se faz presente na vida do filho e busca compreender suas trivialidades.
“Sua versão futura sempre verá o que sua versão atual ainda não consegue enxergar.” Pág. 45.
Aldo, assim como Regan, também possui seus próprios problemas, que são reveladas em suas falas complexas e no seu comportamento. É nisso, que podemos considerar que Nós dois Sozinhos no Éter, um romance diferente, que alguns leitores podem achar parecido com Pessoas Normais da Sally Rooney.
>>> Está gostando da nossa resenha de Nós Dois Sozinhos no Éter? Esse texto foi escrito após um convite ao IG literário @blogleituranna, criado pela autora Anna Luíza Tenório. O blog Os Melhores Livros também está presente no Youtube, Telegram e Instagram, nos quais você terá acesso a textos como esses e também diversos outros guias de leitura postados diariamente aqui no blog!
Diálogos e Estrutura da História
Além da história, é importante destacar outro ponto importante nesta resenha de Nós Dois Sozinhos no Éter: a forma como a escritora escolheu estruturar a história.
No começo, a narrativa se assemelha muito com uma peça teatral, dividida em atos, cenas e um narrador. No entanto, esse momento serviu, meramente, como uma forma de introdução. Ou seja, a escritora quis enfatizar que assim como na história, a vida pessoal de cada um de nós pode ser contemplada dentro de um livro.
Cabe destacar também que, mesmo havendo diálogos, a real história se passa dentro dos pensamentos dos personagens. É por lá que descobrimos como realmente eles se comportam frente aos seus dilemas e adversidades.
“A maioria das pessoas é um conjunto muito específico de variáveis. Sabe, de objetivos, defeitos, níveis de trauma.” Pág.74.
Em um desses seis encontros, Aldo busca entender cada camada de Regan e desvendar os mistérios que ela deixa de dizer. Ao mesmo tempo, Regan fica fascinada com a forma que Aldo explica as complexidades da vida, e ainda se mantém seguro de si.
Os leitores aprendem muito com esses momentos de auto reflexão, e pode-se destacar diversos momentos cruciais para a história. Momentos que deixarão o leitor com o misto de emoções.
Saúde Mental e Transtornos de Personalidade
Mais uma história que temos a oportunidade de discutir sobre saúde mental, transtornos comportamentais e de personalidade. Mesmo sendo um romance, o ideal do livro é trazer a verdade nua e crua das relações interpessoais, e como os traumas na infância podem moldar todo um comportamento, toda uma vida.
Confesso que, após finalizar a leitura, e ler a nota da autora, me emocionei muito pois Olivier relata que Regan é baseada em fatos reais, e que ela possui características parecidas com as suas. Assim como Olivie, Regan possui bipolaridade.
Devido a isso, Regan cometeu diversos atos que trouxeram consequências para ela. Com esse diagnóstico, ela foi obrigada a tomar uma medicação diária e se consultar semanalmente com uma psicóloga.
Os momentos das sessões são um grande diferencial para história, pois Regan desenvolveu a compulsão pela mentira, ou seja, ela mascara a real verdade sobre ela e sua vida e se adapta às pessoas que se relaciona. E, mesmo que a psicóloga tenha consciência que ela tenha esse transtorno, busca sempre alertá-la sobre a importância das medicações.
“Tinha o dom único de dominar um lugar, pensou ele. Transformava os arredores em parte de seu domínio, a atmosfera cedendo ao seu caminhar. Aldo, por sua vez, costumava ser sujeitado às leis e aos costumes do ambiente.” Pág. 123.
A Relação Com a Família
Outro ponto marcante sobre a trajetória mental de Regan é a sua relação com a sua família. Sem dúvidas, esse foi um dos pontos que mais me chamou atenção. A forma como a sua família lida com seus problemas só piora o diagnóstico de Regan e potencializa as tomadas de decisões erradas.
Dentre todos, a relação mais difícil é com a sua mãe. Esperando que a filha caçula corresponda ao verdadeiro significado de ter nascido em uma classe social elevada, a mãe de Regan sempre está a comparando com a sua irmã mais velha que é médica, tem um bom casamento e uma filha obediente.
“Eu meio que sou um clichê ambulante, você vai ver. Mãe narcisista, irmã bem-sucedida, pai obcecado por trabalho. É tão comum que chega a ser quase freudiano.” Pág. 147.
Enquanto isso, Aldo, mesmo com suas trivialidades, possui uma excelente relação com seu pai, Masso, mesmo que em muitos momentos, seu pai pouco entenda em que universo Aldo sobrevive.
Assim como Regan, Aldo vive em um mundo somente dele, mas sempre buscando entender os outros, principalmente Regan. Ele, sem dúvidas, é um dos personagens mais complexos que tive a oportunidade de ler, pois, diferente de Regan, todos os seus pensamentos e passos são estruturados de forma muito abstrata.
Conclusão da Resenha de Nós Dois Sozinhos no Éter
Em suas profundidades, Regan e Aldo nos trazem uma história que reluz o verdadeiro significado das relações pessoais, e como em muitos momentos, a pressão da vida adulta pode causar danos severos.
Concluo a resenha de Nós Dois Sozinhos no Éter ressaltando que este é um grande romance, mas dentro de uma bolha complexa e verdadeira, de como os caminhos da vida são diferentes para cada um de nós. Rinaldo e Regan me ensinaram a não abandonar a minha essência, e não deixar que velhos padrões me limitem na minha criatividade e vida social. Eles podem ensinar isso e diversas coisas para os seus leitores, vocês estão prontos?
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