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A Arte da Guerra – Sun Tzu (Resenha)

Durante décadas, A Arte da Guerra, de Sun Tzu, foi exaltado como o livro de cabeceira dos executivos, um suposto manual de liderança e estratégia para o ambiente corporativo. Mas, será que essa fama toda faz sentido? Resolvi revisitar esse clássico — agora na versão em audiolivro da Buzz Editora, narrado por Irineu Toledo — e confesso: terminei com a sensação de que a mística criada em torno dessa obra diz mais sobre a cultura empresarial do que sobre o próprio conteúdo do livro.

Neste post, vou analisar com profundidade o que esse livro realmente entrega, explicar como e por que ele foi alçado à fama entre líderes e executivos, e discutir até que ponto ainda faz sentido recomendá-lo hoje para quem busca desenvolvimento pessoal, profissional ou estratégico.

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O que é A Arte da Guerra?

A Arte da Guerra é um tratado militar chinês atribuído a Sun Tzu, um estrategista que teria vivido por volta do século V a.C. A obra é composta por 13 capítulos curtos, cada um abordando aspectos da guerra: planejamento, terreno, ataques, espionagem, movimentação de tropas, entre outros.

O estilo é direto, muitas vezes enigmático, e sempre conciso. Um exemplo clássico:

“A suprema arte da guerra é vencer sem lutar.”

Com frases de efeito assim, o livro acabou ganhando espaço entre leitores modernos em busca de sabedoria atemporal — mas também abriu margem para todo tipo de interpretação fora do contexto original.

Como esse livro se tornou um fenômeno entre executivos?

O “boom” de A Arte da Guerra no mundo corporativo não foi espontâneo. Ele começou a ser impulsionado principalmente a partir dos anos 1980 e 1990, quando a cultura de negócios nos Estados Unidos e em países ocidentais passou a valorizar fontes não convencionais de conhecimento estratégico. Com a ascensão econômica do Japão no pós-guerra e o crescimento das empresas asiáticas, o interesse por filosofias orientais explodiu.

Nesse ambiente, livros como O Livro dos Cinco Anéis (de Miyamoto Musashi) e A Arte da Guerra foram resgatados como supostas joias da sabedoria aplicada aos negócios. O resultado foi uma espécie de apropriação corporativa do texto de Sun Tzu — com cursos, resumos executivos e versões “adaptadas para empresários”.

Mas essa adaptação tem um custo: ao tentar transformar um manual de guerra em uma cartilha de liderança empresarial, perde-se parte da profundidade e, principalmente, o contexto original da obra.

O conteúdo do livro é mesmo útil para líderes?

Essa é a pergunta central. E a resposta, na minha opinião, é: depende.

Se você está buscando lições explícitas sobre como liderar pessoas, montar times, resolver conflitos internos ou inovar em um mercado competitivo, A Arte da Guerra vai te frustrar. O livro trata de estratégia militar — com ênfase em elementos como clima, terreno, movimentação de tropas, disfarce, engano e destruição do inimigo. Tudo isso pode até ser metaforicamente adaptado ao mundo dos negócios, mas essa adaptação exige esforço, criatividade e, principalmente, uma boa dose de interpretação livre.

Claro, há trechos que falam sobre liderança, como:

“Trate seus soldados como filhos e eles o seguirão até os vales mais profundos; olhe para eles como seus filhos amados e eles o defenderão até a morte.”

Mas isso está dentro de um contexto de autoridade bélica, onde a vida ou a morte dependem da obediência e do comando direto. É bem diferente da dinâmica de um líder moderno tentando lidar com diversidade, cultura organizacional e autonomia.

Um texto genérico ou profundo?

Há um argumento recorrente entre os defensores da obra: “Sun Tzu é profundo, por isso parece vago.” Pode até ser. O problema é que a maioria das frases da obra, lidas hoje, soam como aforismos que caberiam num biscoito da sorte.

“Toda guerra é baseada no engano.”
“Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas.”
“Aquele que é prudente e espera por um inimigo imprudente será vitorioso.”

São frases interessantes, até poéticas, mas sem aplicação prática imediata. E como a obra é composta quase que inteiramente desse tipo de passagem, não há uma construção de raciocínio, nem um aprofundamento real em táticas adaptáveis para outros contextos. É preciso preencher as lacunas com sua própria interpretação — o que, na prática, permite que qualquer pessoa enxergue ali o que quiser.

A experiência com o audiolivro da Buzz Editora

A versão que ouvi tem 1 hora de duração e foi lançada em setembro de 2023. A narração de Irineu Toledo é clara e agradável, e o trabalho da Buzz Editora entrega exatamente o que propõe: uma leitura acessível de um clássico.

Ou seja, o “problema” não está no formato — que aliás torna o conteúdo bem mais palatável do que a leitura em papel — mas sim na expectativa que se criou em torno da obra. Se você entende que vai ouvir um tratado de estratégia militar chinês, com valor histórico, reflexivo e filosófico, o livro cumpre bem esse papel. Mas se espera uma bíblia do empreendedorismo moderno, a chance de frustração é alta.

Afinal, vale a pena ler A Arte da Guerra hoje?

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Minha resposta é: sim, mas com os óculos certos. Não leia achando que vai encontrar fórmulas de liderança. Leia como quem consulta um texto antigo, com valor histórico, filosófico e, por vezes, simbólico. A guerra como metáfora pode inspirar reflexões, mas não substitui conhecimento real sobre liderança, negociação, gestão de pessoas ou inovação.

Se você está buscando leituras sobre liderança mais aplicáveis ao mundo de hoje, recomendo livros como:

  • 1 – Arriscando a Própria Pele (Nassim Nicholas Taleb)
  • 2 – Gestão de Alta Performance (Andrew S. Grove)
  • 3 – A Incrível Viagem de Shackleton (Alfred Lansing)
  • 4 – O Lado Difícil das Situações Difíceis (Ben Horowitz)
  • 5 – As 48 Leis do Poder (Robert Greene)

Essas leituras não apenas fazem sentido no nosso tempo, como também oferecem contextos, exemplos e frameworks reais. Elas não dependem da aura mística de um texto milenar para parecerem valiosas — elas são valiosas.

Conclusão da resenha de A Arte da Guerra

A Arte da Guerra não é um livro ruim. É só um livro antigo, específico, e que ganhou uma fama desproporcional ao seu conteúdo prático. Ler Sun Tzu pode ser interessante — especialmente se você gosta de história, filosofia ou cultura oriental. Mas transformá-lo em “livro de cabeceira do CEO” é ignorar seu verdadeiro propósito.

Ao final da leitura, minha sensação foi parecida com a de quando se visita um monumento histórico famoso: é bonito, vale conhecer, mas o impacto real depende muito do que você esperava encontrar.

Avaliação:

Detalhes da edição brasileira:

  • Título: A Arte da Guerra
  • Autor: Sun Tzu
  • Narrador: Irineu Toledo
  • Editora: Buzz Editora
  • Lançamento: 25 de setembro de 2023
  • Formato: Audiolivro (Audible)
  • Duração: 1 hora
  • Idioma: Português (Brasil)

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