Vozes de Tchernóbil resenha

Vozes de Tchernóbil: O Retrato do Desastre Nuclear [Resenha]

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Você já ouviu falar de um dos maiores desastres nucleares da história? Então, prepare-se para mergulhar em um relato intenso e arrebatador sobre a catástrofe de Tchernóbil. Em nossa resenha de Vozes de Tchernóbil, você será transportado para o epicentro desse evento traumático e ouvirá as vozes de pessoas que vivenciaram de perto a explosão do reator nuclear. São relatos impactantes e emocionantes que nos fazem refletir sobre as consequências do uso da energia nuclear.

Uma história dolorosa, mas necessária – a jornalista Svetlana Aleksievitch, reúne crônicas sobre o maior desastre nuclear da história da humanidade. O livro é uma coleção de entrevistas com pessoas que estavam presentes no local ou foram afetadas pelo desastre, incluindo moradores locais, trabalhadores da usina nuclear, soldados que ajudaram na operação de resgate e cientistas que estudaram os efeitos da radiação.

Através dessas entrevistas, Alexievich conta a história de como o desastre aconteceu, como as autoridades soviéticas responderam a ele e como as pessoas afetadas foram tratadas. O livro também examina as consequências duradouras do desastre, incluindo a saúde física e mental dos sobreviventes, a evacuação forçada de cidades inteiras e o impacto ambiental na região.

 >>> Está gostando da nossa resenha de Vozes de Tchernóbil? Esse texto é uma parceria entre o IG literário @blogleituranna, criado pela autora Anna Luíza Tenório, e o blog Os Melhores Livros. Também estamos presentes no YoutubeTelegram e Instagram, nos quais você terá acesso a textos como esses e também diversos outros guias de leitura postados diariamente aqui no blog! Caso você goste desse conteúdo, poderá adquirir o livro através desse link para ajudar no crescimento do blog.

O Que Veremos em Vozes de Tchernóbil

Será possível ver em nossa resenha de Vozes de Tchernóbil alguns relatos emocionantes e profundamente humanos do desastre de Tchernóbil e das pessoas afetadas por ele. Ele oferece uma perspectiva única e comovente sobre um dos eventos mais significativos do século XX e sobre a natureza humana em tempos de crise.

Soldados que, tiveram a sua vida modificada por terem que acompanhar toda uma forma de vida mudar. Camponeses que tiveram suas colheitas devastadas. Além disso, temos governantes, cientistas e engenheiros que, mesmo sabendo o que a explosão causaria, deixaram a população sem informação.

Cada vítima, em cada crônica, tem a sua voz, o seu lado da história contada. Cada um revela perspectivas diferentes, mas com uma única emoção: tristeza, compaixão e falta de esperança. 

Outro ponto importante do livro, é o quanto Tchernóbil influenciou a Guerra Fria. Com a explosão, a radiação se espalhou para diversos países como, Áustria, Polônia, Alemanha e Romênia, contudo, meses depois já podia constatar a radiação em diversos outros países da Europa. 

Em muitos momentos do livro, os moradores aparentam não terem muitas informações, característica do modelo ditatorial russo. A princípio, os níveis de radiação foram ignorados, mas dias após o acidente, muitos moradores começaram a apresentar doenças. Essa “ocultação” de informação se deve ao fato de o governo temer o pânico e a histeria generalizada. 

Vozes de Tchernóbil é dividido em três partes (Terra Dos Mortos, A Coroação da Criação e Admiração Pela Tristeza). Entre entrevistas/crônicas curtas e longas, acompanhamos relatos de diversas pessoas, em diferentes olhares sobre o desastre. Temos bombeiros que foram convocados, mas não sabiam ao certo do que se tratava. 

Terra Dos Mortos

vozes de tchernobil

A primeira parte do livro, possui o relato de “uma solitária voz humana”. Nessa primeira entrevista, os leitores sentem todo o drama de Liudmila Ignátienko, esposa de um dos bombeiros que foram convocados para cessar a explosão do reator. Durante quatorze dias, Liudmila, acompanhou seu esposo mudar com o efeito da radiação. 

“O meu marido começou a mudar: cada dia eu via nele uma pessoa diferente… As queimaduras saíam para fora… Na boca, na língua, nas maçãs do rosto; de início eram pequenas chagas, depois iam crescendo. As mucosas caíam em camadas, como películas brancas. A cor do rosto, a cor do corpo… Azulado… Avermelhada… Cinza-escuro… E, no entanto, tudo nele era tão meu, tão querido! É impossível contar! Impossível escrever! E mesmo sobreviver… O que salvava era tudo que acontecia de maneira instantânea, de forma que não dava tempo de pensar, não dava tempo de chorar” (pág. 23, pág. 24).”

A Coroação da Criação

Na segunda parte do livro, a escritora traz a cruel consequência da explosão. Quando houve o acidente, os moradores pensavam que seria algo fácil de ser resolvido, que logo voltariam para suas casas. 

A população de Prípiat não tinha noção do que realmente acontecia, mas era obrigada a deixar suas casas. Somente quando os primeiros jornalistas estrangeiros chegaram à pequena cidade, a população e o mundo tiveram consciência do que tinha ocorrido. Mais de 335 mil pessoas foram evacuadas das zonas consideradas perigosas – um raio de 30 Km.

A confiança no governo era algo que as pessoas tinham. Tanto para protegê-los, tanto para informar sobre a real realidade

Admiração Pela Tristeza

Na terceira parte, temos o preconceito, a exclusão que os filhos de Tchernóbil sofrem na sociedade. Crianças nas escolas, esposas dos soldados e bombeiros, todos acabam sendo excluídos por testemunharem todo o desastre. Particularmente, essa parte foi a mais forte do livro, pois, é nesse ponto que conseguimos sentir todo o caos e sentimento das famílias, e o quanto sabemos pouco sobre o desastre.

“Nós partimos… Quero contar como a vovó se despediu de casa. Ela pediu ao papai para apanhar no celeiro um saco de painço e espalhou tudo pelo jardim: Para os passarinhos de Deus”. Recolheu os ovos num cesto e despejou no pátio: “Para o nosso gato e para o cachorro”. Cortou um toucinho para eles. Tirou todas as sementes dos saquinhos: de cenoura, abóbora, pepino, cebola, de várias plantas e flores … E espalhou tudo pela horta: “Que vivam na terra”. Depois, se inclinou diante de cada uma delas. E o vovô quando estávamos saindo, tirou o chapéu. Eu era pequeno. Tinha seis anos… não, acho que oito anos” (pág. 342)

Conclusão da Resenha de Vozes de Tchernóbil

Finalizamos nossa resenha de Vozes de Tchernóbil ressaltando que este é um livro com relatos reais e bastante pessoais. Além de ter ganhado o Prêmio Nobel de Literatura, traz a verdadeira faceta sobre o maior desastre nuclear da história da humanidade. 

Todas as dores, falta de informação trouxeram consequências inimagináveis para todos os moradores e para o mundo. A escritora Svetlana Aleksiévitch, transformou as crônicas e as entrevistas, em um dos maiores relatos da história. Real, duro e triste, “Vozes de Tchernóbil” é um marco na nossa literatura. 

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