não sou a filha perfeita resenha

Resenha: Não Sou a Filha Perfeita (Erika L. Sánchez) 

Neste texto, você irá ver uma resenha de Não Sou a Filha Perfeita, de Erika L. Sánchez, publicado no Brasil pela editora Intrínseca.

Não Sou a Filha Perfeita é um romance escrito por Erika L. Sánchez que aborda temas de luto, expectativas familiares e auto-descoberta. A história gira em torno de Júlia Reyes, uma jovem mexicana-americana que lida com a pressão de não se encaixar no ideal de filha perfeita imposto por sua família. Após a morte trágica de sua irmã mais velha, Olga, Julia se vê confrontada com a dor da perda e a constante comparação com a irmã, considerada a filha exemplar.

Enquanto Júlia busca seguir seus próprios sonhos de estudar em Nova York e se tornar uma escritora, ela descobre segredos sobre Olga que a ajudam a compreender melhor sua própria identidade e os desafios de viver à sombra de um fantasma. O livro oferece uma narrativa tocante e envolvente sobre a vida de uma família imigrante nos Estados Unidos, explorando temas universais de amor, perda e resiliência.

➜ Está gostando da nossa resenha de Não Sou a Filha Perfeita? Esse texto foi escrito após um convite ao IG literário @blogleituranna, criado pela autora Anna Luíza Tenório. O site Os Melhores Livros também está presente no YoutubeTelegram e Instagram, nos quais você terá acesso a textos como esses e também diversos outros guias de leitura postados diariamente aqui no blog!

Enredo

Quando Olga morre devido ao trágico acidente, a vida de Júlia Reyes vira de cabeça para baixo. Olga era a filha perfeita. Prestativa, amorosa e sempre disposta a ajudar a sua família. Já quando se trata de Julia, a premissa era diferente. 

Rebelde, inteligente, cheia de sonhos e com uma imensa vontade de descobrir o mundo, ela não está disposta a viver a mesma vida da irmã, mas a perda a leva a conviver mais com uma família que não a compreende, e que espera muito mais dela do que antes. 

Nesse novo lançamento da editora intrínseca temos uma família mexicana que enfrenta as adversidades da sociedade americana, além de um grande aprofundamento sobre temas como educação sexual, patriarcado e luto. 

Diferenças Culturais

Após o trágico acidente de sua irmã mais velha, Júlia percebe que pouco sabe sobre a irmã. Olga sempre foi perfeita, e Julia sempre viveu com essa premissa, visto que, dessa forma, ela atraia a atenção dos seus pais para ela. Mas, agora, Júlia terá que lidar com o luto e com uma família desmantelada devido a perda. 

É nesse ponto da história que o leitor é levado a conhecer melhor a família da personagem. Por ser uma família mexicana, os Reyes, possuem cultura e costumes diversos dos americanos, principalmente sobre o verdadeiro valor da dos entes familiares. 

E por falar em família, a história traz um arco muito forte sobre a família mexicana e a xenofobia. 

Julia estuda em uma escola diversificada, ou seja, onde abriga crianças e adolescentes de diversas nacionalidades, mas ainda assim há muito preconceito contra algumas religiões e nacionalidades. E, por ser filha de mexicanos e apresentar os traços fortes da cultura, sofre diversos preconceitos. 

Em muitos momentos do livro, pode-se ver o reflexo de preconceito na vida de Júlia e da sua família, principalmente quando ela começa a descobrir mais sobre a sua família, e o que levou os seus pais a fazerem a perigosa travessia para os Estados Unidos. 

Confesso que o tema sobre a imigração foram o ponto alta e sincero da história, pois a escritora trouxe um relato extremamente profundo e coeso de toda a dor passada por todos os mexicanos e seus filhos (um outro livro com esse tema é O Vento Sabe Meu Nome, caso você se interesse)

Expectativas

Ainda sobre a história, o processo de luto evidencia a complexa relação entre Julia e sua mãe. Antes, toda a confiança e esperança da família estavam depositadas em Olga. Então, com a morte da irmã, Julia se vê incapaz de lidar com as altas expectativas que agora recaem sobre ela.

“A fronteira é só uma grande ferida, um grande rasgo entre dois países. Por que tem que ser tão cruel? Não entendo. É só uma linha aleatória idiota. Como alguém pode dizer às pessoas se elas podem ou não ir vir de um lugar?”

Em meio a isso, Julia tem sua amiga Lorena, uma adolescente também filha de mexicanos, mas completamente oposta à Júlia. Lorena é o outro lado da história. Seus pais se separaram, e Lorena mora com a sua mãe e o seu padrasto – um homem abusivo. Mesmo recorrendo à mãe, Lorena não tem apoio, fazendo com que ela apresente comportamentos depreciativos e com uma falta de educação sexual necessária. 

Juntas, elas elevam a história a paralelos surpreendentes. Através de Lorena, Julia conhece Juanga, um jovem homossexual que sofre com muito preconceito dos seus pais – extremamente repressores. 

Assim, se forma um trio de amigos com vidas muito parecidas, mas que acabam descobrindo as melhores e as piores escolhas. 

Conhecendo Mais Sobre a Irmã

Ainda, quando Júlia decide descobrir mais sobre a irmã, ela se depara com uma Olga que ela jamais teve conhecimento. Olga não era a filha perfeita, assim como ela estava longe de ser, então porque ela fingia ser algo que não era? O que poderia Julia fazer com todas as informações que conseguisse da sua irmã? Que diferença poderia fazer para a vida dos seus pais? 

Em meio a isso, Júlia descobre mais sobre sua sexualidade e o universo feminino, uma vez que ela começa a entender os seus gostos e predileções. Por ver sua amiga Lorena, que sempre foi desinibida e segura de si, Julia aprende a entender mais sobre si mesma. Mas com isso ela descobre uma série de abusos que sua amiga já passou com seu padrasto. 

Saúde Mental

não sou a filha perfeita

A cena mais difícil do livro é quando ele aborda sobre saúde mental. Em meio às suas buscas e à difícil relação com seus pais ela se sente com o emocional exaurido e acaba sendo afetada diretamente por isso, levando o seu corpo a exaustão. Confesso que não esperava ter um retrato tão preciso sobre saúde mental na adolescência. A escritora trouxe de uma forma muito sincera e delicada esse tema, fazendo com que, eu como leitora, repensasse muitos temas na minha própria vida. 

No meio desse tema, a família de Júlia reaparece em cena como uma forma de recomeço, de porto seguro. Quando seus pais a mandam para o México para tentar se reconectar com as suas raízes, ela descobre mais sobre si mesma e sobre a difícil vida que tinha os seus pais. Além disso, ela ainda descobre que a sua mãe e ela possuem mais em comum do que jamais imaginaria. 

Sem dúvidas, o livro pega o leitor desprevenido em diversos momentos, principalmente por ser uma leitura diferente, com uma história muito profunda. Não Sou a filha Perfeita me deixou pensativa sobre diversos temas, principalmente nas expectativas que os pais colocam em seus filhos para que eles consigam tudo aquilo que, infelizmente, eles não alcançaram. 

Conclusão da Resenha de Não Sou a Filha Perfeita

Concluso a resenha de Não Sou a Filha Perfeita ressaltando que essa obra traz o reflexo muito profundo do luto em uma família que já vive com a exaustão de viver em uma sociedade muito preconceituosa e sexista. 

Julia irá aprender mais sobre a vida, principalmente sobre a sua vida familiar. Nem todas as verdades precisam ser reveladas, principalmente quando os donos da história não estão mais entre nós. Assim como Lorena, Julia sobrevive de forma diferente do resto dos adolescentes da sua idade. Além do trauma da perda da sua irmã, ainda tem os danos colaterais da falta de uma família amorosa, de conversas necessárias sobre saúde mental e sexualidade. 

A autora proporcionou uma conversa profunda sobre esse tema, principalmente para os pais de todos os adolescentes, uma vez que, a realidade da Julia, Lorena e Juanga é muito presente na nossa sociedade. A coragem da autora é perceptível na protagonista da história, pois juntas formam um par perfeito para desbravar diversas aventuras pessoais e intrínsecas da vida. 

Avaliação:

Detalhes da edição brasileira:

  • Título: Não sou a filha perfeita
  • Autor: Erika L. Sánchez
  • Tradução: Carolina Selvatici
  • Editora: Intrínseca
  • Número de páginas: 288 páginas
  • Data da publicação: 3 maio 2024

Gostou de conhecer essa resenha de Não Sou a Filha Perfeita? Comente abaixo o que achou da obra!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *